
Depois de um longo e tenebroso inverno, Curitiba vai receber três grandes shows internacionais num intervalo inferior a trinta dias: começa com o Iron Maiden (com abertura de Ghost e Slayer), no próximo dia 24, no BioParque; prossegue no dia 12 de outubro, quando a banda escocesa Simple Minds encabeça a programação da etapa curitibana do Circuito Banco do Brasil, no mesmo espaço; e termina três dias depois, 15 de outubro, com o Aerosmith provavelmente também no BioParque, com abertura do Whitesnake. Sem falar nos shows "médios", em ambientes fechados, como Matchbox Twenth, Elvis Presley in Concert e Ringo Starr (leia mais no quadro ao lado), agendados até o final de novembro.
Pode ser o indício de uma futura recuperação do status de que a capital desfrutava no circuito nacional até a interdição da Pedreira Paulo Leminski, em março de 2008, em obediência a uma liminar concedida pela 4.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba a uma ação civil movida pelo Ministério Público em nome de 134 moradores da região, que reclamavam dos transtornos nos dias de shows.
Auge
Na época da Pedreira, Curitiba chegou a ser a terceira praça de shows internacionais no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, e recebeu ídolos como Paul McCartney, Ramones, AC/DC, David Bowie, Pearl Jam, Pixies (que só tocou aqui em sua primeira e única passagem pelo Brasil) e Iron Maiden, entre muitos outros. Desde a interdição, por outro lado, é possível contar nos dedos de uma mão as grandes turnês internacionais que passaram pela cidade: Oasis em 2009, Scorpions em 2010, Iron Maiden e Pearl Jam em 2011, sendo os três primeiros no Expotrade e o último na Vila Capanema.
Retorno
Entretanto, a volta dos megashows vai acontecer antes da reabertura da Pedreira, que ainda depende da conclusão das adequações feitas pela produtora DC Set que administra o espaço desde a concessão feita pela prefeitura, em junho do ano passado às exigências acordadas entre o Ministério Público e a prefeitura.
"A intenção era fazer o Iron Maiden na Pedreira", confirma Fábio Neves, da Seven Entretenimento, a produtora local do show da banda britânica. "A XYZ [produtora nacional] segurou o máximo que pôde para fazer lá, mas como ela ainda não foi liberada, tivemos de ir atrás de outro espaço. Sugerimos o Expotrade, em Pinhais, mas detectamos numa pesquisa uma rejeição grande ao espaço; por fim, a XYZ optou pelo BioParque."
Mais: se a Pedreira tivesse sido reaberta a tempo, Curitiba provavelmente receberia a aguardada turnê de reunião do Black Sabbath e um dia depois do show do Aerosmith. "Ofereceram o Black Sabbath para a gente no dia 16 de outubro, o dia seguinte ao Aerosmith", revelou Fábio Neves. "Mas não tinha lugar... o Expotrade já estava reservado para a montagem do Cirque du Soleil; dos estádios, o Couto Pereira era muito caro e a Vila Capanema não tinha a data disponível; e no BioParque também não dava. Sem a Pedreira, achamos melhor não fazer. Aí a Time 4 Fun [produtora nacional] resolveu levar o show para Belo Horizonte."
O supergrupo de Tony Iommi e Ozzy Osbourne não foi a única grande banda oferecida à cidade desde que a Pedreira foi fechada: "Assim, de cabeça, eu lembro de Metallica, Guns N Roses, Red Hot Chili Peppers, Beyoncé...", enumera Neves. "Mas não deu para viabilizar. Curitiba é deficitária em espaços, a burocracia é grande e a resposta do público é uma incógnita. Mas tem potencial para retomar a relevância. Quando a Pedreira reabrir deve ficar mais fácil. A DC Set vai fazer uma estrutura bem bacana lá."
O problema é que ainda não há uma previsão para que o principal espaço para shows da cidade volte a abrir as portas, conforme explica Helinho Pimentel, da DC Set: "A empresa está tomando todas as providências para atender às exigências da prefeitura e do Ministério Público. Por enquanto, não há nenhum show contratado, nem qualquer perspectiva de data para a reabertura. Só vamos contratar quando estiver tudo liberado", garante. "Mas estamos trabalhando para que a Pedreira esteja completamente adequada no menor tempo possível."





