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Prêmio de música

Green Day é o grande vencedor do VMA 2005

Ao receber um de seus prêmios no Video Music Awards da MTV americana na noite passada em Miami, Billy Joe Armstrong, líder do Green Day, soltou uma frase ressentida: "é bom saber que o rock ainda tem lugar na MTV". Se considerarmos que o grupo saiu da festa com sete Astronautas (o troféu deles), a afirmação soa injusta. Mas ele não está totalmente errado.

Toda a estética da premiação seguiu os parâmetros do rap, hip hop e r&b. A impressão que dava é que realmente o black power tomara o poder na emissora. O apresentador foi o rapper de muitos nomes - Sean Combs/Puff Daddy/P.Diddy/ Diddy -, os números musicais na maioria eram de rappers e as personalidades focalizadas na platéia eram majoritariamente negras.

A poderosa posição dos negros americanos na indústria, em função das vendas milionárias, parecia até ser uma realidade a contradizer a cultura racial do país.

Mas nas duas categorias mais fortes da noite deu branco. Mais precisamente o Green Day, vencedor da escolha da audiência com "American idiot" e de vídeo do ano com "Boulevard of broken dreams". Nestas duas categorias concorreram os negros Snoop Dog (em ambas) e Kanye West, na segunda por "Jesus walks", vencedor na estranha categoria de melhor clipe por artista masculino.

Nem tudo estava perdido para o rock no careta VMA

Além de levar os prêmios principais, o rock não esteve tão mal representado assim nos shows. O Green Day fez uma empolgante abertura com "Boulevard of broken dreams", o Coldplay soltou sua elegância um tanto gélida com "Speed of sound", e duas bandas novas brilharam com a característica comum de vocalistas com visual um tanto ou quanto glitter, o Killers e o Chemical Romance, o primeiro bem melhor que o segundo.

O Killers ganhou o prêmio de revelação, enquanto o Chemical perdeu nas categorias rock e escolha da audiência. A "rapperziada" mandou bem nos números musicais com os exageros habituais. Ludacris fez uma volta ao mundo com dançarinos de várias culturas, teve até um arremedo de passistas brasileiras e samba reggae, com bandeiras brasileiras acenadas e tudo. Kanye West trocou rimas com o ator Jammie Foxx, vencedor do Oscar por Ray. Se apresentaram, ainda, 50 Cent, Mario, MC Hammer, R. Kelly (longo e arrastado, o pior da noite).

Os números musicais tiveram também a musicalmente insossa Mariah Carrey, exibindo generosamente o silicone e as belas pernas, o vulcão Shakira com o palha Alejandro Sanz e a jovenzinha Kelly Clarkson, egressa do American Idol, vencedora de dois astronautas por "Since u been gone".

Kelly merecia também o prêmio de "deslumbrada da noite", reação compreensível porque a menina parece estar mesmo vivendo um sonho, do nada aos píncaros do sucesso sem a ralação que muita gente boa passou. Ela ainda teve a honra de fechar a noite, metendo-se no meio dos fãs da sessão do gargarejo e tomando a maior chuva.

O tema da noite foi a água, presente em projeções, na apresentação das indicações e até num túnel de acesso ao palco que alguns vencedores, como Billy Joe Armstrong, evitaram com medo de um banho. A festa, sob a égide do furacão Katrina, que passou horas antes, foi correta para os padrões do show business americano. Claro que se esperava mais para o estilo supostamente pouco convencional da MTV.

Na verdade, lá como aqui, a emissora é um bastião da caretice.E mais: a festa premia clipes, não os artistas. Nenhum diretor foi ao microfone. Há clipes melhores do que as músicas que retratam, o que significa que o foco do VMA está todo errado.

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