Em 1988, o diretor italiano Eugenio Barba viajou para o Chile para se apresentar com a bailarina inglesa Julia Varley. Em plena ditadura militar de Augusto Pinochet (1915-2009), o espetáculo teve de ser apresentado numa igreja. Por ser uma apresentação clandestina, cada bailarino do grupo foi hospedado em casas diferentes. Julia ficou na residência da atriz chilena María Cánepa (1921-2006), e elas viraram amigas. Essa amizade levou o Odin Teatret, da Dinamarca, a encenar um espetáculo em homenagem à atriz. Ave Maria (2012) será apresentado hoje, às 20 horas, no Circo Funcart, em Londrina, e faz parte do Festival de Dança da cidade.
Quando a atriz chilena morreu, Julia quis fazer uma homenagem. "Me emocionei com esse signo de amizade. E foi um desafio: como fazer um espetáculo de lembrança?", diz o diretor.
Há em cena um personagem específico para lidar com as questões relacionadas à morte: Mr. Peanut. "Esse personagem é como um arquétipo que me acompanha em diferentes espetáculos", conta Julia. "Trata-se de confrontar-se com a pessoa quando ela parece morrer."
