
Há shows que são simplesmente imprevisíveis. A apresentação do lendário grupo Os Mutantes neste sábado (17) na capital paranaense promete ser desse tipo. Não pelo repertório o mesmo do show no Barbican Center, em Londres, primeira apresentação da banda após o retorno em 2006 , mas pela performance.
"Silêncio é a última coisa que o público pode esperar", afirma Sérgio Dias, guitarrista da banda, de muito bom humor em entrevista por telefone à Gazeta do Povo Online. E completa categoricamente: "Nós vamos sacudir Curitiba", sem querer revelar mais do que pode rolar na noite de sábado no Curitiba Master Hall.
Desde que voltou aos palcos, Os Mutantes se apresenta com a formação quase que original: os irmãos Baptista, Arnaldo (teclados, baixo e vocais) e Sérgio Dias (guitarra e vocais); Dinho Leme (bateria); e Zélia Duncan (vocais), no lugar de Rita Lee, que se recusou a retomar seu antigo posto no grupo. "Zélia, a gente colocou porque não tinha outra", brinca Sérgio Dias. Entre muitas risadas, Zélia grita em resposta: "Socorro!". Sérgio então admite: "ela é 10!".
O humor e a irreverência sempre as grandes marcas da banda, criada em 1966 na cidade de São Paulo, e pelo jeito continuam sendo. Também foram conhecidos pelo experimentalismo e a criatividade que revolucionaram o rock nacional.
Esse mesmo estilo deve estar presente num novo álbum de inéditas em que o grupo está trabalhando, mas sem pressa de terminar e sem previsão de lançamento. O grupo ainda pretende fazer muitos shows antes disso. Entre os destinos estão Porto Alegre, Recife (no festival Abril pro Rock) e uma turnê pelos EUA.
Os Mutantes e Curitiba
O show na capital paranaense é o terceiro da banda no Brasil. Após uma turnê internacional, o grupo se apresentou em janeiro, no aniversário da cidade de São Paulo, para cerca de 50 mil pessoas. O segundo foi, em fevereiro, no Rio de Janeiro. Sérgio Dias afirma que não há nenhum motivo em especial para a escolha da cidade como o terceiro ponto, apenas uma questão de datas. No entanto, o envolvimento da banda com Curitiba é um pouco mais profundo.
O guitarrista, que também foi produtor musical, já fez várias visitas à cidade, muitas delas para ver as bandas curitibanas. "Eu adoro Curitiba. Tem um pessoal todo roqueiro. Vai ser um grande barato tocar aqui.", afirma. Além disso, foi em Curitiba que, em 1995, todos os álbuns do grupo Os Mutantes foram reeditados numa edição especial chamada Anos Psicodélicos.
O autor da façanha foi o empresário Odilon Merlin, hoje dono do bar Era Só o que Faltava, na época dono da Temptation Discos, uma loja de música que lidava com importações e vendas de CDs novos e usados que fechou em 2001. Merlin conta que, em 1995, os álbuns do grupo estavam totalmente fora de catálogo e ele fez um acordo com a Polygram, detentora dos direitos autorais, e conseguiu a reedição do material numa edição especial e limitada. "Foram mil CDs na primeira prensagem e dois mil na segunda", diz.
Segundo o empresário, mais da metade do material foi exportado Bélgica, Japão, Alemanha e Japão foram alguns compradores , outra grande parte foi levada pelo selo paulista de bandas independentes Baratos Afins. "Apenas 20% ficou em Curitiba", afirma.
Merlin diz que apesar de não ter conhecido nenhum dos integrantes da banda no episódio, algum tempo depois veio a encontrar com Sérgio Dias, já no seu bar. Em uma das passagens pela capital, o músico foi ao Era Só o Que Faltava e subiu ao palco para tocar com o grupo que se apresentava. "Ninguém pediu, ele simplesmente subiu lá e ficou uma hora e meia tocando", conta o empresário. "Foi de arrepiar", completa.
Serviço: Show Os Mutantes. Dia 17 de março. Início às 23h. Curitiba Master Hall (Rua Itajubá, 123, Portão. Telefone (41) 3248-1001. Ingressos a R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (para estudantes, idosos e quem levar um quilo de alimento). Vendas: Curitiba Master Hall, Fnac (Shopping Barigui), Livrarias Curitiba e Diskingresso (3315-0808)



