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Ilustre desconhecida

Virgínia Rodrigues, cantora baiana que já se apresentou em 22 países, faz shows até domingo no Teatro da Caixa

Descoberta em um coral de igreja em Salvador, pelo diretor de teatro Márcio Meirelles, Virgínia Rodrigues foi apadrinhada por Caetano Veloso |
Descoberta em um coral de igreja em Salvador, pelo diretor de teatro Márcio Meirelles, Virgínia Rodrigues foi apadrinhada por Caetano Veloso (Foto: )

"O público brasileiro não me conhece", sentencia a "arretada" Virgínia Rodrigues. A cantora baiana, mais conhecida na Europa e nos Estados Unidos, vem a Curitiba pela segunda vez. A primeira foi no Teatro do Paiol, há dois anos. E, de hoje a domingo, apresenta sua "música de igreja e de rádio" no Teatro da Caixa.

Dona de voz única, Virgínia já foi empregada doméstica e manicure e é filha de uma vendedora da Feira de São Joaquim, tradicional comércio popular de Salvador. Aos 6 anos, no Dia das Mães, homenageou a sua cantando Aguinaldo Timóteo. Emocionou a todos. Não parou mais.

"Dei sorte porque durante toda a minha infância as rádios tocavam Caetano, Elis, Gal. Ouvia eles o dia todo. Era do brega ao chique, diferente de hoje, em que há um monopólio dos nossos ouvidos", alfineta a baiana, que se destacou no coral de uma igreja de Salvador. Além de ouvir seus artistas preferidos, Virgínia estudou. Fez oficinas e aulas particulares de canto.

A carreira profissional começou quando em um encontro. Márcio Meirelles, produtor e experiente diretor da produção teatral baiana, procurava alguma cantora que tivesse ao mesmo tempo a "aparência do povo" e uma "ascendência erudita". "Ele foi ver uma apresentação na igreja. Eu fazia o ‘Oratório de Santo Antônio’. Ele me viu e me convidou para participar de uma peça", conta Virgínia.

Na plateia dessa peça, estava seu futuro padrinho. "Era um ensaio aberto e Caetano Veloso estava lá. Ele ficou emocionado, mas por causa da música e não da apresentação", relembra a cantora, que teve como influência musical familiar apenas as rezas musicadas que seu avô fazia em Sapeaçu, no interior da Bahia.

Carreira

A conversa com Caetano foi rápida, mas logo o resultado do encontro deu frutos. O disco Mares Profundos (Natasha/Universal, 2004) foi o produto final da benção de Veloso. Junto com Recomeço (Biscoito Fino, 2008) – disco de voz e piano – é ele o foco da apresentação em Curitiba. Recheado de afrossambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, o show do disco já correu todos os continentes. Foram 22 países, incluindo Malásia e Austrália.

Seu primeiro disco, Sol Negro (1998), foi gravado de maneira improvisada. Muitas vezes as músicas tinham de ser interrompidas por causa do barulho de aviões e cachorros. Mas a importância da cantora, ainda que desconhecida, já se fazia valer. Já no primeiro registro, há participações de Gilberto Gil, Milton Nascimento e Djavan. O segundo trabalho foi lançado em 2000. Nós também teve grande penetração e fez sucesso em outros países, principalmente na Europa.

Com quatro discos na bagagem – o quinto já está em sua cabeça –, Virgínia é uma desconhecida em seu próprio país. Nunca fez uma turnê nacional, embora apresente duas por ano nos Estados Unidos.

A explicação para o fato é simples, embora cheia de pimenta. "Eu não sei por que. Eu preciso tocar no rádio, mas no Brasil só toca quem paga jabá. É função dos meios de comunicação anunciar o que está acontecendo no mundo e, a partir do momento que se restringem trabalhos, fica muito difícil. Mas isso não me diminui, não. Onde me chamam, eu vou. Só acho uma pena porque quem perde é o povo", brada Virgínia.

Carnaval

Um dos momentos em que sua arte esteve mais presente no Brasil foi em 2006, na cerimônia de abertura do carnaval do Recife. O evento serviu para que a cantora criasse um projeto em parceria com o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. O show foi apresentado no Rio de Janeiro, em abril de 2007, e reeditado ano passado em São Paulo, Recife e Campina Grande.

Nos shows que faz em Curitiba a partir de hoje, Virgínia Rodrigues será acompanhada pelo percussionista João Bani e pelo violonista Bernardo Bosísio.

Serviço

Virgínia Rodrigues. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. De hoje a sábado, às 21 horas. Domingo, às 19 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (clientes, idosos e estudantes).

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