
Cenas finais gravadas na madrugada desta quarta-feira (11), em um galpão abandonado no centro do Rio de Janeiro, indicam um desfecho trágico – mas não surpreendente – para a novela Império.
Como já apontavam as probabilidades, José Pedro, o grande cotado para assumir a identidade de Fabrício Melgaço, usa sua revolta de filho rejeitado contra Zé Alfredo.
Mas, entre o tiro e a morte verdadeira do comendador há uma página em branco, ainda não preenchida pelo autor da novela. Segundo detalhou Aguinaldo Silva em seu site oficial, apesar de a trama seguir “a cartilha das grandes tragédias gregas”, a morte do protagonista é contestável.
“Será este o verdadeiro final da novela? Vocês só saberão na última cena”, escreveu Silva.
Se o fato realmente se concretizar, a morte de Zé Alfredo não deve sobressaltar os espectadores que, cansados das ladainhas maçantes das últimas produções globais do horário, acompanharam Império com mais de disposição.
A novela que deu força ao ator curitibano Alexandre Nero, pecou por prudência. O maior exemplo disso foi Cora, a vilã comedida, interpretada em fases diferentes por Drica Moraes e Marjorie Estiano.
Acostumado com as vilãs repulsivas de Aguinaldo Silva, como Nazaré (Senhora do Destino) e Altiva (A Indomada), o público sentiu a fraca estruturação da personagem. Mais que impiedade, Cora sofria mesmo era de um amor não correspondido. E acabou morrendo por ele.
A abordagem do homossexualismo foi outro ponto mediano. O tema, que vem se tornando cada vez mais regular na teledramaturgia, parece ter sido pensado muito mais para moldar um triângulo amoroso do que para incorporar a naturalidade na relação entre duas pessoas do mesmo sexo. Talvez não fosse essa a intenção do autor, mas a verdade é que os personagens deste núcleo mereciam mais destaque – para consolidar uma história ou corresponder a um estímulo social.
Por outro lado, Império sai fortalecida com boas atuações. Além de Nero, que ganhou pontos como o comendador, o lado cômico da trama teve bons atores e, consequentemente, foi bem recebido pelos telespectadores.
Em resumo, Império não figura entre as melhores novelas já exibidas no horário nobre da Rede Globo, mas representa uma retomada de produções mais próximas do público.
É uma curva ascendente no gráfico de público, cansado de não se identificar mais com os enredos chorosos e ingênuos do eixo Le-blon–Copacabana.



