Com raras exceções, o museu costuma ser visto como um local quase sagrado, de contemplação passiva e com um código de conduta pré-estabelecido. Ir contra essa aura e permitir que o público tenha mais acesso ao artista e discuta a produção é a ideia da mostra Campo Neutral, que abre hoje no Museu da Gravura (veja o serviço completo da exposição no Guia Gazeta do Povo).
A exposição reúne o trabalho de dez artistas, com curadoria do artista e pesquisador Felipe Prando. "Não serão apresentados trabalhos individuais de arte, mas sim proposições curatoriais. O público terá acesso não só de forma visual, mas também na discussão sobre o assunto", explica. Ou seja: as produções não estão condicionadas a formatos tradicionais, como um quadro, uma fotografia ou escultura.
Para incitar essa discussão sobre arte, a exposição apresenta trabalhos que permitem uma espécie de ocupação, que deve ser feita pelo visitante. Uma delas é o Café Educativo, do artista Jorge Menna Barreto, que instalou um café na sala do museu com a intenção de fazer do local um ambiente para relações e debates.
O espectador poderá, então, tomar um café, ler o jornal do dia e ter acesso a vídeos e publicações de arte, além de conversar com os mediadores, que serão atendentes no café. "Na parte educativa dos museus, há o discurso de mediação. Agora, queremos substituir isso por um ambiente de mediação. O café é um espaço de debate, e pensamos no museu justamente como um espaço de ocupação e uso pelas pessoas", afirma Prando.
Conversas
Outro trabalho que busca interação com o visitante é Formas de Pensar de Santiago Navarro, mostra que já esteve em cartaz no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires (Malba), com documentos e objetos que também fazem uma reflexão sobre o espaço expositivo.
Prando lembra que, no período de exposição de Campo Neutral (até 11 de agosto), cerca de nove eventos estão programados, sempre com a ideia de criar espaços de diálogo com o público.
