Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Shows

Ingresso a preço de ouro

Valor cobrado em apresentações internacionais no Brasil pode custar mais de R$ 1 mil. Produtores alegam ter muitas despesas para trazer artistas

Bob Dylan: Curitiba ficou de fora da turnê do cantor norte-americano, segundo produtores, por falta de um espaço para abrigar o show na cidade | Divulgação
Bob Dylan: Curitiba ficou de fora da turnê do cantor norte-americano, segundo produtores, por falta de um espaço para abrigar o show na cidade (Foto: Divulgação)
Roxette: cachê de R$ 200 mil por apresentação |

1 de 1

Roxette: cachê de R$ 200 mil por apresentação

Mais de 20 atrações musicais de peso passaram – ou passarão – pelo Brasil entre março e maio deste ano. Entre os shows, estão ícones como Bob Dylan (que começa as apresentações no país no próximo domingo, no Rio de Janeiro), Paul McCartney (Recife, nos dias 21 e 22 de abril, e Florianópolis, 25 de abril) e a dupla Roxette, cuja turnê também chega a Curitiba, no dia 8 de maio (veja quadro com serviço completo). Assim que foram anunciados, fãs se manifestaram nas redes sociais: o preço do ingresso está salgado.

Os bilhetes para ver Dylan, por exemplo, custam até R$ 900 (camarote 1 e cadeira vip em São Paulo). No show do ex-beatle em Florianópolis há ingressos de até R$ 1,2 mil, em uma área limitada para 600 pessoas que inclui serviços como transporte exclusivo, open bar e open food. Os dois exemplos citados são pensados para um público com poder aquisitivo alto, no entanto, o preço mais em conta para o show de Bob Dylan no Rio de Janeiro é de R$ 500 (cadeira lateral).

Em Curitiba, quem quiser ver a dupla sueca Roxette no Teatro Posi­­tivo vai desembolsar de R$ 230 até R$ 555. E por que o ingresso custa tanto? Segundo o diretor da Seven Entretenimento, Fá­­bio Neves, responsável pela vinda do Roxette para Curitiba em parceria com a Time For Fun, o cálculo usado para chegar ao preço final para o consumidor inclui diversos fatores. "O [show do] Roxette tem a locação do teatro, taxas de cartão de débito e crédito, que são altas, R$ 200 mil só de cachê. Fora hospedagem em hotel de luxo, transporte. O equipamento de luz e som que foi aprovado pela banda não existe em Curitiba, tivemos de trazer de fora, e custará quase R$ 64 mil", explica. Fora as "taxas sociais", diz a produtora Verinha Walflor, que são as pagas para o Ecad, o Imposto Sobre Serviço (ISS) para a prefeitura e, claro, o aluguel de espaço (que hoje custa entre R$ 8 mil e R$ 10 mil em teatros). "É um compromisso, não temos como fugir desses itens", alega Verinha. Porém, ela concorda que os valores são elevados. "O público tem razão de reclamar."

Fábio Neves afirma que é preciso levar em conta os riscos. "É uma caixinha de surpresas, pior do que bolsa de valores. Se tenho um show com capacidade para 2 mil pessoas, 1.500 têm de pagar [a apresentação]. O restante é lucro ou margem de segurança." O diretor da Seven frisa que Dylan e outros shows, como o de Morrisey (que aconteceu em março), não vieram para Curitiba por falta de espaço físico.

"O Teatro Guaíra tem a burocracia de órgão público que não é possível para uma turnê internacional, onde é necessário tomar decisões rápidas. O Morrisey queria um lugar inusitado e cogitou-se a Ópera de Arame, que é um lugar ruim. Teríamos um custo enorme para forrar o teto, senão chove dentro. É um belo cartão postal, mas não serve para nada. Tecnicamente é horrível para um espetáculo e para o público." Neves alega ainda que o poder aquisitivo na cidade, considerado alto, não se reflete na área cultural. "Talvez falte interesse na cultura e entretenimento para pessoas que podem pagar."

Verinha acredita que a apresentação de Paul McCartney em Floria­nó­­polis, por exemplo, foi viável pelo local (o Estádio da Ressacada, que deve receber um público de 30 mil pessoas) e o apoio do Grupo RBS. "Certamente, eles assumiram o custo de mídia, que é alto." Falta de patrocinador local é outro empecilho para Curitiba, diz a produtora. "Não temos essa cultura. Ninguém vai dar R$ 1 milhão para assinar um grande show."

Beneficiados

A meia-entrada é um impasse antigo e que, de acordo com os produtores, faz o preço subir – na prática, o valor praticado com o desconto seria o do ingresso cheio caso não houvesse o benefício, garantido por lei para estudantes, idosos e deficientes. "Ledo engano quem pensa que paga metade do valor. Hoje todo mundo paga inteira, e uma minoria um pouco mais, o que não é justo. Por isso, muitos buscam meios para não ter de pagar tão caro", salienta Verinha.

Debate: Amanhã, a Gazeta do Povo promove aqui no site, a partir das 15 horas, uma discussão on-line sobre o assunto.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.