A Itália disse na quarta-feira que está disposta a romper relações com o museu J. Paul Getty, de Los Angeles, se a instituição não concordar logo em devolver obras de arte que o governo italiano afirma terem sido saqueadas.
O ministro da Cultura da Itália, Francesco Rutelli, disse que já cansou das negociações e que está fazendo um apelo final ao Getty, que é um dos museus mais ricos do mundo.
``Ou há um acordo ou há um rompimento'', disse ele a repórteres a Roma. ``Já foi o tempo em que as pessoas podiam fazer vista grossa para os saques.''
O diretor do Getty, Michael Brand, disse a Rutelli em novembro que o museu devolveria 26 das 46 peças reivindicadas pela Itália.
Rutelli, de posse de fotos que segundo ele comprovam que as obras foram saqueadas, reiterou que a oferta é inaceitável. ''Isso seria aprovar o tráfico internacional'', disse ele.
Rome insiste que o Getty devolva uma escultura de bronze de 2.500 anos chamada ``Estátua de uma Juventude Vitoriosa'' e uma estátua de mármore da deusa Afrodite.
Na carta que enviou no mês passado, o Getty disse que não devolveria a escultura, já que ela foi encontrada em águas internacionais em 1964. Sobre a estátua de Afrodite, o museu diz que as evidências não eram conclusivas.
Rutelli não disse quais medidas pode tomar se o Getty não aceitar as exigências de Roma. Maurizio Fiorilli, advogado que representa o Ministério da Cultura, afirmou que o rompimento total com o Getty interromperia trabalhos científicos conjuntos, bolsas de estudo e o empréstimo de obras de arte da Itália ao museu.
Um possível rompimento provavelmente prejudicaria mais a Itália que o Getty, já que o museu já emprestou ao país desde os anos 1980 mais de 80 objetos.
O caso é agravado pelo julgamento da ex-curadora do Getty Marion True, acusada de conspiração para traficar antiguidades italianas roubadas. Um promotor grego indiciou True por comprar ilegalmente uma peça grega roubada da Grécia há 13 anos. True nega ter cometido irregularidades.
A campanha da Itália para reaver obras de arte saqueadas levou a acordos com outras instituições norte-americanas, como o Metropolitan, em Nova York, e o Museu de Belas Artes de Boston.
