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Cena de bastidores do filme O Sentido da Vida, um dos oito do sexteto Monty Python | Divulgação
Cena de bastidores do filme O Sentido da Vida, um dos oito do sexteto Monty Python| Foto: Divulgação
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Para quem vê Monty Python hoje, até a data que aparece no final de cada episódio parece piada. Isso porque foi lá em 1969 que jovens atores britânicos criaram um novo estilo de humor. A surpresa, aqui, não é pela originalidade em si, mas pelas circunstâncias anárquicas e completamente surreais de seus esquetes, que causam gargalhadas, estranheza, chiliques e piadas internas.

Há 40 anos, Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Michael Palin e Terry Jones levaram ao ar, na BBC de Londres, o primeiro episódio de Monty Python’s Flying Circus, série de 45 episódios divididos em quatro temporadas exibidas entre 1969 e 1974.

O impacto pós-show já foi comparado ao que a Inglaterra sentiu quando ouviu pela primeira vez os Beatles tocando "Twist and Shout". E as cenas transcendentalmente bizarras continuam a colecionar fãs pelo mundo. Prova viva é o relançamento de todas as temporadas em caprichados DVDs duplos e o sucesso de alguns filmes da trupe.

O nome foi escolhido pelo motivo que orienta o grupo: é engraçado, ponto. Na abertura de cada episódio de meia hora, Michael Palin surgia de algum lugar desconhecido vestido como uma espécie de eremita. Roupas rasgadas, barba gigante e um andar grotesco completavam o personagem que ficou conhecido como "The It’s Man", já que sua única frase era "It’s..." ("Isto é..."). Momentos depois, a lisergia das aberturas. As animações de Terry Gilliam – cartunista que trabalhava na revista Mad –, eram completamente nonsense, como tudo que rodeia o humor dos "Pythons".

Mas o maior trunfo eram os roteiros e a capacidade dramatúrgica desses seis palhaços surreais. Os esquetes eram orgânicos e às vezes dialogavam entre si. As interpretações de John Cleese também eram um caso à parte. Política, cotidiano, tabus e o politicamente incorreto eram tratados com desenvoltura e sarcasmo.

Vários episódios ainda são lembrados hoje e fazem parte do imaginário coletivo de quem tem tendências a ter algum parafuso a menos. Em "Lumberjack Song" ("Canção do Lenhador"), um barbeiro homicida (Michael Palin) tem o sonho de se tornar lenhador. Guardas florestais entoam uma canção aparentemente inofensiva que estimula uma dança semi-patética de Palin. A música torna-se, em cada verso, mais excêntrica, a ponto de Palin cantar "Eu derrubo árvores, eu uso salto alto, suspensório e sutiã".

Em "Buying a Bed" ("Comprando uma Cama"), um casal (Michael Palin e Connie Booth, ex-mulher de John Cleese), são recém-casados e vão a uma loja para comprar um colchão. Os vendedores têm sérios problemas psicológicos e, ou multiplicam as medidas ou as dividem, criando situações hilárias como um pedido – que naquela situação era plausível – de um colchão de 80 metros de comprimento. Ah, em cada vez que a palavra "colchão" era pronunciada, um dos vendedores colocava um saco de pão na cabeça. Pura mania, símbolo do humor inteligentemente incompreensível do Monty Python.

Quer mais? Que tal uma situação em que um sujeito bem intencionado (Cleese) vai até uma loja de animais para reclamar que o papagaio que comprou está morto? O papagaio é de madeira, mas isso é o que menos importa. O vendedor (Palin), tenta provar que o bicho ainda está vivo de maneiras insanas até assumir que errou. Oferece uma lesma em troca. "Ela fala?", é a fatídica pergunta do cliente.

Além de outros episódios memoráveis como "Silly Walker", "Nudge Nudge" e "Spam" – que deu origem ao termo utilizado hoje para e-mails não desejados – o sexteto também tem uma filmografia de oito títulos, todos lançados a partir de 1975 e dirigidos por Terry Gilliam, e duas montagens para o teatro.

Graham Chapman morreu de câncer de garganta em 1989. Os outros cinco continuam vivos. Suas idades já somam 333 anos, mas essa qualidade de humor parece não envelhecer nunca.

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