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Eric Cantona (à esq.) ao lado do diretor britânico Ken Loach | AFP/Valery Hache
Eric Cantona (à esq.) ao lado do diretor britânico Ken Loach| Foto: AFP/Valery Hache

Famoso tanto por seus gols antológicos vestindo a camisa do clube inglês Manchester United quanto pela personalidade forte e língua afiada, o ex-jogador de futebol francês Eric Cantona é a estrela do novo filme do diretor inglês Ken Loach, exibido nesta segunda-feira (18) no Festival de Cannes.

Escrita por Paul Laverty a partir de uma sugestão do próprio Cantona, a comédia Looking for Eric representa uma nova e inusitada direção na carreira de Loach, três vezes premiado em Cannes e diretor de filmes de cunho social e político como Terra e Liberdade e Pães e Rosas.

O filme conta a história de Eric (Steve Evets), um carteiro divorciado que luta para assimilar a separação da mulher e acompanhar a educação dos três filhos. Por sugestão dos amigos, ele se submete a um exercício psicológico em que tenta se enxergar a partir dos olhos de seu maior ídolo. Torcedor fanático do Manchester United, responde sem pestanejar: "Eric Cantona, o rei!"

Como num passe de mágica, Cantona - em carne e osso, representando ele mesmo - aparece para o carteiro em seu quarto e, como um técnico de futebol dedicado, ajudará o personagem a superar seus problemas.

Elogiado pelo diretor por sua atuação - "ele atua com a mesma elegância com que joga futebol" -, Cantona tem se aventurado na televisão e no cinema desde que deixou a carreira de jogador profissional, em 1997. Dono de uma produtora de filmes, o atleta já havia participado, entre outros, do longa Elizabeth, com Cate Blanchett, e se diz um apaixonado pelo cinema.

"Sempre amei e fui muito ao cinema. Gosto muito dos filmes de Ken Loach, que vão ficar na história para sempre, e do Pasolini", revelou Cantona.

Para o ator-boleiro - que também se aventura na música, como trompetista -, a diferença entre trabalhar com Loach e Alex Ferguson, seu treinador no Manchester United durante anos, é menor do que se possa imaginar. "São atividades distintas, mas tanto o diretor quanto o técnico tentam tirar o melhor de seus atores e jogadores. Loach e Ferguson sempre foram pessoas humildes e ajudaram a tirar o melhor que eu poderia dar", disse.

Como um técnico de futebol, Loach oferece a sua versão para o sucesso do filme, aplaudido de pé ao final da sessão pela manhã.

"As melhores coisas que nós fazemos são feitas como um time", afirmou. "Todo filme é um processo coletivo, no qual pelo menos 50% dos créditos é do roteirista e 50% do diretor. Além, claro, dos câmeras, iluminadores e do talento dos atores com quem a gente trabalha."

Incitado por uma jornalista para comentar se não haveria uma espécie mensagem política na apologia ao espírito de equipe de Looking for Eric, Loach chutou a bola para escanteio por um momento e voltou ao terreno que mais conhece:

"Nunca imaginei que ir a um jogo de futebol pudesse ser um exercício antropológico, mas, de certa forma, é algo que reúne as pessoas. Cada time representa um grupo. E o campo de futebol talvez seja o último lugar onde o nacionalismo ainda é aceito. Fora dele, falar politicamente em nacionalismo não é mais legal", concluiu.

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