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No filme À Procura de Eric, o protagonista (Steve Evets) passa a receber “visitas” de seu ídolo, o ex-jogador de futebol Eric Cantona (à direita) | Fotos: Divulgação
No filme À Procura de Eric, o protagonista (Steve Evets) passa a receber “visitas” de seu ídolo, o ex-jogador de futebol Eric Cantona (à direita)| Foto: Fotos: Divulgação
  • Taking Woodstock conta com delicadeza, sem cinismo, os bastidores do festival de música que marcou uma era e a autoafirmação do protagonista, Elliot (Demitri Martin, ao centro)

Cannes - Ainda bem que Ken Loach e Ang Lee existem. Com À Procura de Eric e Taking Woodstock, respectivamente, os dois tornaram suportável o fim de semana e a manhã de ontem no Festival de Cannes, dias marcados pelos filmes de violência explícita. Independentemente da opinião que se tenha, Anticristo, Kinatay, Un Prophète e Vengeance são difíceis de assistir.

Em À Procura de Eric, exibido para jornalistas na manhã de segunda-feira, Ken Loach buscou a comédia, algo raro em seus longas-metragens, geralmente marcados pela seriedade. Eric (Steve Evets) é um carteiro em crise, que acaba de sofrer um acidente. Em casa, nada vai bem: há dois adolescentes que claramente não são seus filhos, e nenhuma mãe por perto. Eric passa a receber "visitas" de seu ídolo, o ex-jogador de futebol Eric Cantona, em aparições hilárias. E redescobre o gosto pela vida. "Foi bem agradável fazer um filme com um sorriso no rosto", disse o cineasta na entrevista coletiva. "Você pode dizer que é uma comédia ou uma tragédia com um sorriso. Mas poderia ser uma tragédia. Se você interpreta uma história com verdade, está tudo certo."

Além de atuar, Cantona coproduz o filme. Ele se disse apaixonado por cinema, principalmente por Pier Paolo Pasolini, declaração que surpreendeu os jornalistas. "Está nas mãos do público dizer se sou ou não ator. Estou aceitando essa paixão porque tenho prazer. Eu parei de jogar futebol aos 30 anos porque não sentia mais paixão por aquilo. Vou continuar fazendo cinema enquanto tiver paixão", afirmou.

Neste festival de longas-metragens contundentes, Ang Lee parece totalmente deslocado com a paz e o amor de Taking Woodstock, exibido na noite de sexta-feira. O filme conta com delicadeza, sem cinismo, os bastidores do festival de música que marcou uma era e autoafirmação do protagonista, Elliot (Demitri Martin), perante a família e seu lugar no mundo. "Eu fiz seis tragédias em seguida, durante 13 anos, estava precisando fazer uma comédia", afirmou na entrevista coletiva. Não é o melhor Ang Lee, mas é uma delícia de filme – no entanto, sem a mínima chance de ser levado a sério nesse contexto. Ele próprio, vencedor de Ursos de Ouro (Razão e Sensibilidade e O Banquete de Casamento), dois Leões de Ouro (O Segredo de Brokeback Mountain e Desejo, Perigo) e um Oscar, dourado, como melhor diretor de O Segredo de Brokeback Mountain, tem consciência disso: "Não sei se existe alguma coisa dourada para melhor comédia em Cannes. É uma honra estar aqui, só estou seguindo a maré". (MM)

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