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Após a ótima receptividade ao filme "Turnê", seu quarto longa-metragem – prêmio de melhor diretor e também da crítica internacional em Cannes, Mathieu Amalric retorna com "La Chambre Bleue", exibido ontem na 52ª edição do Festival de Nova York.

O filme é adaptação do livro homônimo do belga Georges Simenon. A história transcorre praticamente num quarto azul de um hotel do campo e retrata a relação doentia entre um homem (Amalric) e uma mulher (Stéphanie Cléau).

Na coletiva que se seguiu à prévia para a imprensa, Amalric falou sobre a origem do filme, suas influências no cinema e novos projetos. Confira a entrevista:

Como esse filme aconteceu?

"No inverno passado, esbarrei com Paulo Branco (produtor do filme) na rua, de quem havia sido assistente quando tinha 20 anos. Ele sabia que eu estava trabalhando no roteiro de "Rouge et le Noir", mas me perguntou se eu gostaria de fazer alguma coisa em três semanas. Voltei para casa, passei os olhos naqueles livros que costumamos deixar de lado e me deparo com um pequeno livro azul, que conheço bem. Foi assim que o filme aconteceu".

A trilha sonora às vezes é forte, outras romântica romântica, mas sempre adequada às cenas. Como se inspirou para isso?

"Quando eu estava escrevendo o roteiro pensava também que tipo de música colocaria em cada sequência e nada me ocorria. Aí o nosso engenheiro de som, que conhece bastante música nos sugeriu músicas calmas para sequências calmas e mais fortes para as cenas de suspense. Por exemplo, em algumas delas, colocamos a Rapsódia Espanhola, de Ravel, que é uma música passional".

Como define um crime passional?

"A pergunta é engraçada, quase a mesma que o juiz fazia para o réu no inquérito. Como poderia definir isso em poucas palavras? Costumamos achar que as pessoas fazem as coisas por razões precisas, mas a vida não é assim. É uma definição difícil, mas Simenon dizia que qualquer um é passível de cometer um crime passional".

Que tipo de filme o influenciou para fazer "La Chambre Bleue"?

"Em um primeiro instante, os filmes noir da RKO, aqueles de suspense, paixão, líricos e angustiantes, de Jacques Tourneur, Otto Preminger e Fritz Lang. Mas também "A Mulher do Lado", de François Truffaut, "Eu te Amo, Eu te Amo", de Alain Resnais e "O Atalante", de Jean Vigo".

Pode antecipar o próximo projeto? "Eu mesmo não sei qual será. Não sabia também deste, antes de o Paulo ser o desencadeador de La Chambre Bleue. Gosto das encomendas, dos desejos e das intuições das outras pessoas. Enquanto isso, continuo o meu trabalho escrevendo Rouge et le Noir, de Stendhal".

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