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Iniciativa

Legado de uma década

O Sesc da Esquina busca espaço definitivo na cena local com projetos culturais em várias áreas

Marisa Monte no palco do Teatro Guaíra, em Curitiba, em abril de 2006 | Pedro Serápio - Arquivo GP
Marisa Monte no palco do Teatro Guaíra, em Curitiba, em abril de 2006 (Foto: Pedro Serápio - Arquivo GP)

Quando morreu em um trágico acidente de carro na estrada entre Recife e Olinda, em fevereiro de 1997, Francisco de Assis França, apesar da pouca idade (30 anos), já era considerado um ícone de sua geração. Nas palavras do também pernambucano Lenine, Chico Science (nome que levou Francisco ao estrelato ao lado do grupo Nação Zumbi) era o equivalente brasileiro ao jamaicano Bob Marley, não apenas por ter morrido jovem e ter sido transformado em mito antes de mostrar todo seu potencial, mas também por ter levado ao mundo um ritmo resgatado de suas origens na periferia olindense – o maracatu, que fundido ao rock, ao hip-hop e à eletrônica, deu origem à mais recente e original cena musical nascida e criada em solo tupiniquim, o mangue beat.

Celebrar a importância da curta obra de Chico Science (foram apenas dois discos lançados e três turnês internacionais) e compreender seu impacto nas esferas musical, política e histórica são alguns dos objetivos do projeto Memória Musical, iniciativa das equipes de comunicação e produção do espaço Sesc da Esquina, que vem promovendo, desde abril, encontros inusitados entre bandas locais e artistas renomados do cenário brasileiro em tributos a ícones da música nacional.

Os encarregados da homenagem a um dos fundadores do mangue beat são os curitibanos Alexandre Nero & Maquinaíma, ao lado do rapper carioca Black Alien (ex-Planet Hemp), que se reúnem hoje (após apenas um ensaio realizado na noite de ontem), no palco do Teatro Sesc da Esquina, para apresentar releituras das canções que o consagraram.

"Nunca fui fã de Chico Science, não é o tipo de som que costumo ouvir em casa. Mas sempre tive consciência da indiscutível importância de sua obra", conta o cantor, compositor e instrumentista Alexandre Nero, que, para o tributo de logo mais, realizou uma vasta pesquisa sobre a música e a vida do homenageado.

A fidelidade à sonoridade proposta pelo pernambucano, inicialmente cogitada por Nero e os integrantes do Maquinaíma durante a criação dos arranjos para a homenagem, foi logo descartada a favor de releituras que mostrassem os diversos caminhos a que as composições de Science poderiam ser levadas. "Queríamos colocar nas músicas um elemento que ele não trabalhasse e, durante a pesquisa, percebemos que a harmonia não é um característica comum nas canções. Então, chamamos o pianista Fábio Cardoso para elaborar arranjos harmônicos", explica Nero. O resultado, de acordo com o músico, são versões mais "cantadas e bonitas" do que rítmicas. "Não sei se os fãs mais tradicionais de Chico Science irão gostar. Mas também acredito que ele não tinha fãs tão apegados a tradições ou pouco receptivos a novidades", analisa.

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