• Carregando...
Dante Mendonça: contra a obrigação estatal de leituras | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Dante Mendonça: contra a obrigação estatal de leituras| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Imortais

Confira quem são os atuais membros da Academia Paranaense de Letras. Uma das 40 cadeiras (Nº 27) está vaga:

Dante Mendonça; Ernani Buchmann; René Ariel Dotti; Eduardo Rocha Virmond; Paulo Venturelli; Oriovisto Guimarães; Ney José de Freitas; Rafael Greca de Macedo; Ário Taborda Dergint de Rawicz; Flora Munhoz da Rocha; João Manuel Simões; Ernani Costa Straube; Rui Cavallin Pinto; Guido Viaro; Adélia Maria Woellner; Paulo Torres; Clemente Ivo Juliatto; Laurentino Gomes; Carlos Alberto Sanches; Luiz Geraldo Mazza; Albino de Brito Freire; João José Bigarella; Jeorling Cordeiro Cleve; Chloris Casagrande Justen; Paulo Vítola; Léo de Almeida Neves; Belmiro Valverde Jobim Castor; Darci Piana; Lauro Grein Filho; José Wanderlei Resende; Roberto Muggiati; Antônio Celso Mendes; Ricardo Pasquini; Apollo Taborda França; Clotilde de Lourdes Branco Germiniani; Vaga; Cecília Vieira Helm; Valério Hoerner Júnior.

Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná, caso seja votado e aprovado pelos parlamentares, obrigará todas as universidades paranaenses a incluir pelo menos um livro de "autores paranaenses" no programa de suas provas.

O projeto 290/13, de autoria do deputado Leonaldo Paranhos (PSC), define como autor paranaense "aquele que integra ou integrou a Academia Paranaense de Letras".

Aprovado pelas comissões de Constituição e Justiça e de Cultura da Assembleia, o projeto de lei pode entrar na pauta de votações a partir de amanhã, quando começam os trabalhos legislativos de 2014. O projeto tem sido muito criticado por escritores e professores das universidades do estado por reduzir o universo da literatura paranaense aos 39 integrantes da Academia.

Em artigo publicado na Gazeta do Povo, na semana passada, o escritor Marcos Peres disse que "a Lei cria muitos leitores e poucos escritores". "Não é razoável uma lei favorecer uma entidade de 40 membros. Menos razoável é imaginar que os deputados queiram meter o bedelho no conceito de quem é escritor", escreveu.

Para o professor de Teo­­­­ria Literária e Literatura Brasileira do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), "obrigar a indicação de obras de membros da Academia é regredir ao tempo da ditadura militar e engessar a formação de leitores novamente".

Jornalista e escritor paranaense (nascido, entretanto, em Santa Catarina) e membro da Academia Para­­­naense de Letras, Dante Mendonça discorda do espírito do projeto. "Por princípio, sou contra qualquer obrigatoriedade. Não é o Estado que tem de direcionar a leitura deste ou daquele livro", explica. "Por outro lado, não seria nada mal que bons autores paranaenses, aqueles quem têm uma obra que merece ser estudada pelos alunos, entrassem por seus próprios méritos nestas listas", pondera. Ele conta que nenhum membro da Academia foi procurado pelo deputado para discutir o projeto.

"Teria sido melhor se ele, antes da proposta, tivesse nos procurado para trocar uma ideia e elaborar, talvez, um pouco melhor este projeto", sugere.

Criada em 1936, a Acade­­mia Paranaense de Letras é uma entidade que reúne escritores, advogados, jornalistas e empresários que têm livros publicados ou guardam alguma afinidade com a literatura (confira a lista dos atuais membros da instituição no quadro ao lado).

Outro lado

Para o deputado Paranhos, o projeto é necessário para "valorizar a cultura paranaense" (leia a entrevista abaixo). Nos vestibulares das quatro maiores universidades públicas do estado em 2014 (UFPR, UEL, UEM e UEPG) nenhum livro de autor paranaense foi indicado aos vestibulandos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]