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Tecnologia

Letras no universo digital

Cada vez mais devoradores de livros se apaixonam por tablets e e-readers, mas suas vantagens e desvantagens permanecem em discussão

Elis Alves cita a leveza e a tela confortável do e-reader como motivos para seu “vício” no equipamento | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Elis Alves cita a leveza e a tela confortável do e-reader como motivos para seu “vício” no equipamento (Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo)

A rapidez com que amantes fervorosos do livro em papel são conquistados para o leve mundo digital torna obsoleta a discussão sobre a sobrevivência da leitura no futuro. Mas o tema suscita debates acalorados, como ocorreu durante a Jornada Literária de Passo Fundo, no fim de agosto, quando o ensaísta argentino Alberto Manguel rebateu a editora de livros escocesa Kate Wilson após esta defender a elaboração de livros para tablets com temas em sintonia com as preferências dos leitores.

Quando ela mostrou um livro da editora Nosy Crow em que o leitor pode decidir a cor do vestido de Cinderela, entre outras ações, o intelectual pediu a palavra e disse que não sabia que faria parte da discussão "a deformação do leitor defendida com argumentos comerciais (...) É nocivo que uma crianças de 3 ou 4 anos seja introduzida à leitura dessa forma, aprendendo a ler na tela".

O engraçado é que é justamente entre crianças que os livros animados, criados para tablets, têm a melhor aceitação, enquanto o leitor digital "simples" ganha fãs entre os mais diferentes tipos de adultos.

Uma delas é a engenheira cartógrafa Silvana Philippi Camboim, que pensou em comprar o Kindle devido a uma viagem a trabalho para São Tomé e Príncipe e às leituras técnicas requeridas pelo doutorado que realiza. "Seria pesado levar quilos e quilos de papel", justifica. Quando ganhou o equipamento do namorado, ela logo estendeu o uso também para o lazer em terras distantes, e baixou The Other Side of The Story, de Marian Keyes, por US$ 10, após se desanimar com a pouca oferta de títulos em português.

A leitura em inglês também motivou a fotógrafa Elis Alves a comprar o aparelho no início deste ano, por conta das viagens frequentes que faz ao exterior. Dizendo-se uma "viciada" no aparelho, ela compra somente obras em inglês – atualmente, está lendo Os Filhos de Húrin, de J.R.R. Tolkien, entre vários outros. "O único problema é que você acaba lendo uns cinco livros ao mesmo tempo", diz. O custo das obras no site Amazon.com varia de US$ 0,99 a US$ 15.

Conforto

Entre as diversas vantagens apontadas por ela estão o compartilhamento nas redes sociais, a possibilidade de fazer notas durante a leitura, a rapidez de acesso à obra e o conforto. "Ao contrário do que muita gente diz, é muito parecido com o papel. Também é bastante leve, você não precisa ficar trocando de mão."

O escritor catarinense Cristovão Tezza, radicado em Curitiba, é leitor voraz do papel, mas usa bastante seu Kindle para ler ensaios e biografias em inglês. O autor, que também é colunista da Gazeta do Povo, diz que aproveita a disponibilidade gratuita de obras clássicas de mestres como Machado de Assis e Lima Barreto no ambiente digital.

Enquanto o leitor digital (ou e-reader) ganha adeptos, os tablets parecem servir para tudo, menos à leitura de livros por adultos. "Não conheço ninguém que leia [obras extensas] no iPad", conta o editor literário e diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira, que usa o equipamento para responder e-mails, ler jornais, escrever textos curtos e ler para os filhos.

Mercado

Em fevereiro deste ano, o norte-americanos e ingleses compraram mais livros digitais do que físicos. No Brasil, a venda de e-readers ainda engatinha, e o que anima o mercado é a expansão de vendas do livro físico, que cresceram 13,12% em 2010, elevando em 8,12% o faturamento das editoras.

Para as empresas pequenas do ramo, o bom momento propicia investimentos. "Investir no mercado digital não é exatamente uma questão de estratégia, mas de necessidade para a sobrevivência de qualquer editora", disse à reportagem o diretor editorial da Leya, Pascoal Soto.

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Colaborou: Isadora Rupp

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