
Se em meados do século passado a voz feminina nas obras literárias brasileiras era rara e intimista a exemplo de Clarice Lispector , hoje ela é cada vez mais forte e abrangente. Diante dessa realidade, a influência da mulher na literatura atual será abordada no ciclo literário Autores & Ideias, do Sesc/PR. As escritoras Adriana Lunardi e Cintia Moscovich conduzirão a mesa redonda Vozes Femininas, hoje, às 19 horas, no Paço da Liberdade.
Adriana e Cintia são vozes femininas e não feministas bastante críticas e questionadoras. A curadora Mariana Sanchez destaca que um dos principais pontos da conversa das escritoras será discutir a necessidade, ou não, de a mulher abordar temas do universo feminino em obras literárias.
Na opinião de Cintia, "a mulher não tem obrigação de escrever sobre o seu universo, e, se o fizer, estará falando do universo de todos. No mundo feminino, há crianças, homens, velhos."
Perceber o ato de escrever como uma ação essencialmente individual pautada pelas experiências de cada um, a forma única como cada pessoa percebe os enigmas e os fatos do mundo , leva Adriana a considerar que não há uma distinção significativa entre assuntos com maior potencial para serem escritos por mulheres ou por homens. "Quando estou escrevendo, eu nem penso que sou mulher", conclui.
Produção nacional
Segundo Adriana Lunardi, a produção literária nacional pós-Clarice Lispector é bem equilibrada entre homens e mulheres. Cintia Moscovich concorda que "hoje elas são tão representativas quanto eles." Para as duas autoras, está surgindo uma geração promissora de novas escritoras. A maioria tem a contemporaneidade como tema recorrente. A escritora Tatiana Levy, autora de A Chave da Casa (Record, 2007) é um exemplo claro. Outras mulheres com obras representativas são Adriana Lisboa, autora de contos, livros infantis e, mais recentemente, do romance Azul-Corvo; e Carol Bensimon, escritora de Sinuca Embaixo DÁgua (Companhia das Letras, 2009), seu primeiro romance publicado.
Esse gênero o romance tem sido a grande aposta. Com os adventos tecnológicos, os textos curtos encontram espaço e mais significado na internet e nos aparelhos móveis. Para Adriana, o leitor passa a ter a necessidade de um vínculo mais extenso com a narrativa. Apesar das semelhanças, Adriana ressalta que as diferenças entre as escritoras brasileiras são ainda mais marcantes. "Atualmente, não existe uma estética predominante, o que permite que os projetos pessoais sobressaiam."
Serviço:
Vozes Femininas, Sesc/PR. Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 180). (41) 3234-4200. Hoje, às 19h. Entrada franca.
* * * * *
Interatividade:
Você acredita que ainda existe uma predominância de determinados temas na literatura produzida por mulheres?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.



