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Eventos literários

Literatura vista mais de perto

Eventos, como bate-papos com escritores e oficinas de produção, atraem públicos inconstantes, mas refletem um bom momento da área

O evento Autores e Ideias, no Sesc Paço da Liberdade, contou com  os escritores Paulo Caruso (à esquerda) e José Roberto Torero (à direita), em maio | Jorge Mariano/Divulgação
O evento Autores e Ideias, no Sesc Paço da Liberdade, contou com os escritores Paulo Caruso (à esquerda) e José Roberto Torero (à direita), em maio (Foto: Jorge Mariano/Divulgação)
Luis Ruffato vai ministrar uma oficina de romance em julho na Biblioteca Pública |

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Luis Ruffato vai ministrar uma oficina de romance em julho na Biblioteca Pública

O diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira: aumento de interesse |

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O diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira: aumento de interesse

Não são poucos os escritores que, em algum dos cada vez mais numerosos bate-papos de literatura em todo o país, se depararam com plateias minúsculas. Deveria haver uma variação lógica na quantidade de público que cada evento consegue atrair. Exemplo disso seria Milton Hatoum, que reunia plateias de 30 pessoas até 2008, e levou 250 interessados à Livrarias Curitiba do Shopping Estação em 2009, após as premiações de Dois Irmãos.

O volume de público migra com facilidade, e fatores como a localização dos eventos e as condições climáticas são preocupações para os organizadores. Em geral, os profissionais por trás de eventos como o Paiol Literário (promovido pelo jornal Rascunho), Autores e Ideias (do Sesc Paço da Liberdade) e Um Escritor na Biblioteca (na Biblioteca Pública do Paraná) atraem interessados em literatura, professores e, principalmente, estudantes. Público que, não raro, coloca organizadores e mediadores em saias justas.

Oferta cultural

O escritor Luiz Ruffato, que vem participando de palestras e oficinas há oito anos em todas as regiões do país, oferece uma pista. Entre os dias 7 e 16 de junho, ele falou para públicos de 50 a 150 pessoas em cinco das seis cidades paranaenses em que esteve, ao lado da escritora Ana Teresa Jardim: Maringá, Paranavaí, Umuarama, Ponta Grossa e Paranaguá. Em Curitiba, contudo, levou menos gente ao Paço da Liberdade.

Se, por aqui, não se chegou nem perto das plateias do interior, o próprio Ruffato aponta como possível explicação a competição representada por outras opções culturais, como os cinemas 3D .

Talvez, os curitibanos estejam mal acostumados. "No interior, o acesso a esse tipo de conteúdo é mais difícil. Então, quando acontece, chama mais atenção", diz o coordenador de literatura do Sesc Paraná, Márcio Norberto. "No dia do Ruffato, prefiro acreditar que tenha sido o frio", diz, sobre o incômodo de trazer um grande autor para uma pequena plateia.

Mas há público e nunca haverá excesso de eventos, de acordo com Ruffato e organizadores como Norberto e Rogério Pereira, criador e coordenador do Paiol Literário e diretor geral da BPP. A multiplicação de discussões, feiras e oficinas são um reflexo de um bom momento para a literatura brasileira. "É preciso insistir na continuidade desses eventos", diz Pereira. "Há um grande número de novos autores. E, junto com isso, tem a profissionalização do mercado editorial. Tudo isso forma um panorama muito mais propício à leitura do que há dez anos. Sou otimista em relação a isso."

Curso para romancistas

O escritor Luiz Ruffato está atraindo uma plateia inteira para a oficina de romance na que vai ministrar em julho na Biblioteca Pública do Paraná – que exige, para a inscrição, a apresentação de um projeto de romance. Para o autor, as oficinas têm um público diferente, que tem a escrita como projeto de vida. Mas ele alerta que, para começo de conversa, a palavra oficina pressupõe produzir ou consertar alguma coisa, e a proposta é outra. "É extremamente desonesto se falar que vai produzir escritores", diz.

Ruffato diz que a atividade será um diálogo em que os participantes poderão responder às suas próprias dúvidas. "Todas as pessoas vão poder expor o que pensam so­­­bre o que é romance e discutir com todos. Eu, no caso, sirvo quase como uma espécie de orientador des­­­­sas discussões.". "A última palavra nunca vai ser minha, e nem che­­­­go com ideias pré-estabelecidas. Brinco que o que fazemos é uma terapia em grupo."

Mesmo que, em princípio, os participantes da oficina desejem se tornar escritores, Ruffato prefere dizer que está formando leitores. "Saindo ótimos leitores, é meio caminho andado para sair bons escritores."

Serviço

Oficina de Romance com Luiz Ruffato. De 25 a 29 de julho, das 14 às 18 horas. As inscrições devem ser feitas até o dia 13 de julho. Os projetos de romance, acompanhados de breves cirrículos, devem ser enviados para o e-mail oficina@bpp.pr.gov.br. A oficina será Biblioteca Pública do Paraná (Rua Cândido Lopes, 133, Centro), (41) 3321-4974. As vagas são limitadas.

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