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“Sexo é a lente que representa a experiência humana”. Se isolássemos de seu contexto a frase disparada pela professora de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo (USP), Eliane Robert Moraes, no dia 29 de agosto – em mesa do Litercultura sobre literatura erótica –, concluiríamos que só temos uma possível e notável fonte de desenvolvimento e construção de uma experiência. Mas a sentença apenas significa e exemplifica simbolicamente a base do novo livro organizado por ela.

Trata-se da “Antologia da Poesia Erótica Brasileira”, obra que tenta traçar um panorama da composição da poesia pornográfica no Brasil desde o século 17, no período colonial, até a contemporaneidade. E mais do que isso: colocar em evidência a comprovação da singularidade da lírica de Eros produzida no país e a representação da experiência humana pelo sexo.

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O livro é resultado de uma pesquisa com o intuito de “organizar” a nossa pornografia. A partir de um levantamento que selecionou primeiramente cerca de trezentos poetas e mais mil poemas, Eliane escolheu 235 poesias e 125 autores (sem contar os anônimos) para compor a antologia. No prefácio, Moraes explica que o critério de seleção privilegiou os “poemas sexuais explícitos”.

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Seis autores do PR participam da antologia: Emiliano de Menezes (1866-1918) com “Ao ver Bilac inerme”; Emiliano Perneta (1866-1921) com “Súcubo” e “De um Fauno”; Alice Ruiz (1946) com “Gotas”; Dalton Trevisan (1925) com “Cantares de Sulamita I e II”; Josely Vianna Baptista (1957) com “Velu” e Paulo Leminski (1944-1989) com “Sossegue Coração”.

“Antologia da Poesia Erótica Brasileira”

Eliane Robert Moraes (org.). Ateliê Editorial, 504 pp., R$ 82.

Do extemporâneo barroco de Gregório de Matos (1623-1696) a poesia prosaica e exibicionista de Ana Cristina Cesar (1952-1983), passando pelo modernista Mário de Andrade (1893-1945), pela composição tropicalista e experimental de Waly Salomão (1943-2003) até Claudia Roquete-Pinto – a mais nova autora a aparecer no livro –, a antologia evidencia a pluralidade estética da poesia erótica brasileira, além de mostrar a transição de assuntos entre as diferentes épocas reunidas. Num determinado período, a escatologia presente nas composições se destaca; noutro momento, a saliência do tema é estruturada em torno da morte. “A lira de Eros, inquieta como seu objeto, nunca se acomoda a uma só forma nem tampouco a uma só tradição”, exemplifica Moraes no texto introdutório.

Organizado de forma cronológica, a obra consegue fazer com que o leitor perceba as mudanças tanto estruturais quanto de abordagem e linguagem dos poemas ao longo do tempo. A antologia ainda conta com belos e “pornográficos” desenhos do artista paulista Arthur Luiz Piza.

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