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Livro de Elio Gaspari revela os bastidores do fim da ditadura militar

“A Ditadura Acabada” fecha coleção sobre a história da ditadura militar no Brasil contando os bastidores da redemocratização

Ernesto Geisel, presidente que iniciou o processo de abertura “lenta e gradual” do regime militar. | Arquivo/Gazeta do Povo
Ernesto Geisel, presidente que iniciou o processo de abertura “lenta e gradual” do regime militar. (Foto: Arquivo/Gazeta do Povo)

Quando o arco de interesses que levou ao golpe militar de 1964 se desfez, o regime encontrou uma solução à brasileira: sair de cena lentamente costurando uma coalizão com a oposição.

O ocaso da ditadura está documentado de forma definitiva no livro “A Ditadura Acabada”, do jornalista Elio Gaspari, quinto volume de sua coleção sobre os anos da ditadura militar no país.

O primeiro foi lançado em 2002, fruto de uma pesquisa iniciada ainda em 1984. O quinto fecha a narrativa iniciada em 1964 e que, depois de cinco generais e duas juntas militares, se encerra oficialmente com a posse de José Sarney no dia 15 de março de 1985.

O ponto de partida é a demissão do ministro do Exército, Sylvio Frota, em outubro de 1977. Sem seu principal oponente, o presidente Ernesto Geisel leva a efeito a distensão “lenta e gradual “ do regime.

Passa pelo mandato acidentado do general João Baptista Figueiredo, marcado pela falência da economia, terrorismo de direita, e pela campanha das “Diretas Já”.

Gaspari oferece a visão de dentro, dos homens que embaralhavam e davam as cartas no período. Entre bilhetes, despachos, discursos, manuscritos, diários de conversas travadas pela cúpula e telegramas do governo americano, o arquivo do jornalista conta com mais de 15 mil itens sobre a ditadura,

Entre eles, 10 mil são do arquivo do general Golbery do Couto e Silva, a cabeça pensante da maior parte da ditadura.

O fator Tancredo

O livro é dividido em cinco partes, a primeira mostra como Geisel impôs abertura contra violenta resistência de setores do próprio exercito.A segunda mostra como a economia nacional implodiu.

Na terceira, Gaspari monta detalhado panorama da onda de terrorismo de grupos de direita descontentes com a abertura. Nas duas últimas seções mostra como a pressão popular foi um dos fatores que anteciparam a redemocratização, prevista, na cabeça dos militares, para 1990.

Na última, entre personagens fascinantes como o sindicalista Lula, políticos como Ulysses Guimarães e Petrônio Portella, o bispo Dom Paulo Evaristo Arns (que o presidente americano Jimmy Carter queria ver como papa), se destaca a figura de Tancredo Neves.

Então governador de Minas Gerais e (com corpos de vantagem) e político mais experiente do Brasil, Tancredo articulou uma união improvável entre governo, oposição, povo e elite que terminou tragicamente.

Os ultimos dias de tancredo são contados como um thriller político.

No epílogo, ele conta a vida de 500 personagens importantes do período militaram que sobreviveram para ver o seu final.

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