A senhorita Peregrine: inspiração para Tim Burton| Foto: /Divulgação

Não é a primeira vez que um livro infanto-juvenil faz sucesso nas listas de mais vendidos. O mercado editorial já viu sucessos como “Harry Potter” ou a série “Crepúsculo” venderem não só livros, mas criarem toda uma franquia. As listas agora mostram o sucesso do livro “O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares”, de Ransom Riggs, que está há cinco semanas na lista de mais vendidos da revista Veja e em sétimo na lista anual parcial de ficção do site especializado Publish News.

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O sucesso, que pode parecer tardio, considerando que o livro foi lançado em 2011 nos EUA e em 2012 no Brasil, se deve em grande parte ao lançamento do trailer da adaptação cinematográfica assinada pelo Tim Burton em março de 2016 - o filme está previsto para setembro do mesmo ano. Além disso, a continuação do livro, “Cidade dos Etéreos”, foi lançada em fevereiro no Brasil.

O livro também chamou atenção mundialmente: foi traduzido para mais de 40 línguas, ficou 63 semanas na lista de livros infantis mais vendidos do New York Times e recebeu elogios de autores já consagrados da literatura infanto-juvenil (John Green, autor de “A Culpa é das Estrelas”, e Rick Riordan, autor da série “Percy Jackson”).

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O narrador e protagonista do livro é Jacob, um adolescente de 16 anos que cresceu ouvindo as histórias fantásticas do seu avô sobre o orfanato no qual vivera quando era pequeno. E, para provar a veracidade do que contava, o avô também mostrava as fotos dessas crianças peculiares: uma menina que flutua e um menino magricela que levanta uma pedra enorme estão entre elas.

Jacob acreditava nesses “contos de fadas” quando criança, mas fica mais cético enquanto cresce e seu avô envelhece. O enredo sofre uma mudança quando o adolescente encontra o avô morto em uma situação traumática, e começa um processo de terapia para resolver suas dúvidas. Sem saber como lidar com as memórias ambíguas que tem do avô, viaja com seu pai para a ilha do País de Gales onde ficava o suposto orfanato, em busca de uma maior compreensão de sua família e de si mesmo.

Nesse momento, o autor aumenta o tom fantástico da sua história e insere uma realidade alternativa e uma viagem no tempo (a época da Segunda Guerra Mundial) para que Jacob finalmente encontre o orfanato das crianças peculiares, protegido pela Srta. Peregrine, e descubra o mundo fantástico tal qual era contado pelo seu avô. Este mundo, porém, está em perigo, e cabe a Jacob ajudá-los a sobreviver.

Recepção

O livro vendeu cerca de 1,5 milhão de exemplares e foi eleito como um dos “100 livros YA (sigla para young adult, jovem adulto) para ler antes de morrer” pela Amazon americana. Mas por que ele ficou tão famoso?

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Para a estudante Jéssica Soares, fã do livro, a obra é especial por criar um mundo alternativo. “É legal como esse mundo dos peculiares interage com o mundo real. O autor criou personagens fantásticos que vivem durante o período da Segunda Guerra Mundial. É muito incrível e diferente”, explica. Além disso, ela diz que o livro é importante por respeitar e até valorizar as diferenças entre as pessoas, o que faz de cada uma delas especial.

Já a leitora Mariana Resende acredita que o livro é famoso porque é... famoso: “quando vi que o livro estava vendendo bastante e que viraria filme eu logo quis ler, nem sabia bem sobre o que era. Até gostei, mas acho que as pessoas compram mais por curiosidade”, explica.

Meu avô a havia descrito cem vezes, mas em suas histórias a casa era sempre um lugar claro e feliz - grande e bagunçado, sim, mas cheio de luz e risos. O que havia diante de mim não era um refúgio de monstros, mas o próprio monstro, encarando-me com uma fome inexpressiva do alto de seu posto.

Virei-me em direção da janela e olhei lá fora, maravilhado O quintal estava cheio de crianças; quase todas elas eu reconheci das fotografias amareladas. Era exatamente o paraíso que meu avô descrevera em suas histórias. Essa era a ilha encantada; essas eram as crianças mágicas.

Ransom Riggs Trecho do livro

Influências

Em uma entrevista para o New York Times, Riggs conta que seu contato com fotografias antigas começou quando era criança e visitava antiquários com sua avó. Desde então, colecionou fotografias que eventualmente o inspiraram a escrever “O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares” - e que foram incluídas na edição do livro.

Depois da publicação do primeiro volume da trilogia pela editora Leya, a sequência, “Cidade dos Etéreos”, foi lançada em fevereiro de 2016 pela editora Intrínseca. O novo volume segue os mesmos personagens enquanto eles desvendam os mistérios em Londres, ainda durante o período da Segunda Guerra Mundial.

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O terceiro volume da série — “The Library of Souls” (“A Biblioteca das Almas”) — deve chegar nas livrarias americanas em setembro de 2016, mesma data de lançamento prevista para o filme, estrelado por Eva Green no papel de Srta. Peregrine.