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A escritora estará em Curitiba no dia 4 de junho para autografar o livro. | Marcelo Correa/Divulgação
A escritora estará em Curitiba no dia 4 de junho para autografar o livro.| Foto: Marcelo Correa/Divulgação

A autora Thalita Rebouças é conhecida por ser extremamente bem-humorada, sobretudo em seus livros, que falam diretamente com o público adolescente. Daí uma certa insegurança em abordar de maneira sensível um tema tão pesado como o bullying, demanda antiga e frequente de seus leitores. Com “Confissões de uma Garota Excluída, Mal-Amada e (um pouco) Dramática”, seu novo livro, a escritora , que já vendeu 2 milhões de livros, paga essa “dívida”.

“Eram muitos pedidos para que eu falasse disso e agora, no meu 21º livro, eu me senti confiante para sair dessa zona de conforto e contar a história da Tetê. Nesse período a gente tem uma lente de aumento para nossos defeitos e tudo fica mais difícil do que precisava ser”, afirma ela, que, apesar de se sentir também desengonçada nessa idade, não lidou com o problema. “Como eu não era a bonita, descobri rapidinho como ser a engraçada”, conta ela, que vem a Curitiba no dia 4 de junho para autografar o título.

Bullying atinge 30% dos estudantes no Brasil

Segundo dados da última PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 30,8% dos estudantes brasileiros foram vítimas de bullying. As agressões eram sistemáticas para 5,4% dos jovens. Curitiba (35,2%) é a terceira capital com mais frequência desse tipo de violência, atrás de Belo Horizonte (35,3%) e Distrito Federal (35,6%). Os meninos são mais alvo (32,6%) do que as meninas (28,3%) e a intimidação costuma ocorrer mais em escolas particulares (35,9%) do que nas públicas (29,5%).

Tetê, ou Teanira, é a protagonista desajeitada de 15 anos que dá voz às dores de tantos outros adolescentes que sofrem na pele essa intimidação sistemática, sobretudo na escola. Estudiosa e sem amigos, ela é alvo da crueldade das pessoas por conta de sua aparência: usa óculos e aparelho, é gordinha e não tem lá muita vaidade. Até seu nome, uma homenagem aos avós, é motivo para implicância. Atormentada pelos colegas e incompreendida pela família, ela se isola.

O leitor conhece a menina em um momento decisivo. Ela se muda com os pais para a casa dos avós e vai começar em uma escola nova, uma chance de finalmente não ser prejulgada. O intenso primeiro dia não é lá muito fácil, mas ela sai da escola realizada, com dois potenciais amigos, um crush (uma paixonite) e uma nova inimiga.

Com delicadeza, Thalita consegue seguir fiel a seu humor, mas não menospreza a dor de sua protagonista. Tetê sofre como toda vítima de bullying, mas seu universo interior é rico a ponto de ela conseguir superar as agressões com alguma comicidade.

No início da pesquisa para o livro, Thalita pediu a seus seguidores do Snapchat que contassem suas dificuldades. Recebeu mais de 5.000 e-mails. Desses desabafos nasceu uma das características mais notáveis da protagonista. “Ela adora cozinhar porque as pessoas que sofriam com bullying relataram que gostavam de ficar no quarto lendo e na internet e, quando saíam, iam para a cozinha”. A menina usa sua habilidade culinária para se aproximar da família e amigos e suas receitas estão espalhadas pelas páginas de “Confissões”.

Multimídia

“Confissões de uma Garota Excluída, Mal-Amada e (um pouco) Dramática”

Editora Arqueiro

R$ 29, 90

Lançamento em Curitiba:

Livrarias Curitiba Shopping Paladium

Av. Presidente Kennedy, 4.121 – Portão

Sábado, 4 de junho, às 15h

“Ligada no 220”, a escritora carioca, 41 anos, tem um segundo semestre agitado e bastante multimídia à frente. Em junho, vai estrelar a websérie “Absurdices”, hospedada no Gshow. Em outubro, estreia “É Fada”, filme baseado em seu livro “Uma Fada Veio Me Visitar”, protagonizado pela youtuber curitibana Kéfera Buchmann. “Fala Sério, Mãe”, que deve ser dirigido por Pedro Vasconcelos, está em pré-produção. Outros quatro títulos também devem ganhar adaptações para as telonas.

Atualmente, ela escreve um livro, no qual transforma Lindão, seu cachorro de dois anos, em personagem. “Eu também vou trabalhar em um volume de crônicas e em um ‘chick lit’ (literatura de mulher)”, afirma ela, listando projetos que fogem um pouco à temática juvenil.

São 16 anos escrevendo e, nessa carreira “adolescente”, os frutos têm sido de gente grande. “É um momento em que estou muito realizada. Na fila dos lançamentos, eu vejo leitores de 10, 12, 24 anos, gente que cresceu lendo minha obra. E eles falam para mim que meus livros não têm idade. E eu acho que é isso mesmo: são feitos para quem gosta de ler”.

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