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A Internet tem o potencial de salvar a indústria de livros, em lugar de lhe desferir o golpe quase fatal que deu no setor da música, acreditam os participantes mais otimistas da Feira do Livro de Frankfurt deste ano. O medo e hostilidade em relação à Web converteu-se em resignação entre editores e livreiros, e alguns deles, como o escritor Paulo Coelho, esperam que dar conteúdo de graça na Web possa até mesmo fortalecer suas vendas de livros.

A venda de livros online é o avanço mais importante dos últimos 60 anos no setor dos livros, de acordo com pesquisa realizada pelos organizadores da maior feira mundial do livro, que começa nesta terça-feira (14) e tem duração de uma semana. Quarenta por cento dos 1.000 profissionais de mais de 30 países entrevistados para a pesquisa acreditam que o conteúdo eletrônico vai ultrapassar as vendas de livros tradicionais até o ano 2018 - se bem que um terço dos entrevistados tenham previsto que isso jamais vai acontecer.

Autor de "O Alquimista" e "Onze Minutos", o brasileiro Paulo Coelho é o que a indústria de livros tem que mais se assemelha a um popstar e é defensor acirrado do poder promocional da pirataria na Internet. O escritor, que fará o discurso inaugural da feira este ano, vem distribuindo versões digitais de seus livros gratuitamente na Internet há anos e acredita que essa estratégia reforçou as vendas de seus livros, pelo menos na Rússia. Mas o que a maioria dos editores entende por digitalização tem menos a ver com compartilhar gratuitamente que com disponibilizar conteúdo proprietário online.

Hoje todos enxergam os benefícios de lojas online como a Amazon, mas projetos como o motor de buscas de livro do Google, que permite a busca no texto integral de livros escaneados pelo Google, ainda assusta a muitos. O Google já escaneou mais de 1 milhão de livros e mantém parcerias com editoras e bibliotecas. "Seria possível vender bem mais livros se muito mais pessoas tivessem informações sobre eles", diz o Google em seu Web site de livros (www.books.google.com).

Alguns editores de livros temem sofrer o mesmo destino da indústria da música, que no início do século fechou a Napster, empresa que possibilitava a partilha ilegal de arquivos, mas não reagiu quando a Apple dominou o mercado da música digital. O equivalente literário ao iPod, o e-reader, será um tema quente na Feira do Livro.

As vendas de leitores eletrônicos portáteis, como o Kindle, da Amazon, e o Reader, da Sony, estão aumentando rapidamente. A empresa de pesquisas sobre tecnologia iSuppli prevê que as vendas de e-readers vão subir de 3,5 milhões de dólares em 2007 para 291 milhões em 2012. Muitos olhares também estão voltados à China, que em 2009 vai suceder à convidada de honra deste ano, a Turquia, e cujo mercado editorial privado - contrastando com a indústria editorial estatal, que vem encolhendo - vem sendo movido pela Internet.

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