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LITERATURA

Machado de Assis viaja para Paris

Exposição no Salão do Livro de Paris homenageia Machado de Assis; conto do escritor vira material pedagógico de escolas francesas

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Em Machado de Assis (1839-1908), o apelido só pegou meio século depois de sua morte: “o bruxo do Cosme Velho” .

Cunhado em poema de Carlos Drummond de Andrade, faz referência ao bairro carioca onde o escritor morou a maior parte da vida. Para Drummond, o feitiço machadiano estava em sua literatura sempre na fronteira entre a ficção e o real, e no estilo, que fugia às convenções de seu tempo.

Reputação que faz com que pouca gente hesite em afirmar que o “bruxo” é o principal autor brasileiro de todos os tempos. Também é verdade que, como toda a literatura nacional, mesmo ele é quase invisível fora de nossas fronteiras.

A exposição Machado, Le Sorcier de Rio (“Machado, o bruxo do Rio”), que abre nesta segunda-feira (16) e dura uma semana como evento paralelo do Salão do Livro de Paris (leia mais nesta página), tenta atenuar essa invisibilidade de várias formas.

Machado será homenageado com uma exposição multimídia montada na sede da Unesco, no centro da capital francesa, com painéis que contam sua biografia,vídeos e material interativo de seus textos.

Há também a reedição de obras por três grandes editoras francesas e a apresentação de um dossiê pedagógico orientando professores franceses do ensino fundamental sobre uma iniciação à leitura a partir do “Conto de Escola”, publicado em livro pelo escritor brasileiro em 1896.

A nova edição bilíngue e ilustrada do conto ganhou uma recomendação do ministério da Educação francês, que resolveu adotá-lo como referência para as escolas.

“Machado nunca imaginaria que um dia seria utilizado no ensino fundamental francês. Essa experiência é riquíssima, já que esses alunos nunca ouviram falar do texto, que assim não é tratado com antecedência como um monumento intocável”, diz Saulo Neiva, professor de literatura da Universidade Blaise Pascal, tradutor do texto e curador da exposição.

“Podemos aproximar esses mundos, fazendo as pessoas descobrirem seus textos através de novas traduções e leituras, incitando os amantes da boa literatura a lê-lo e procurando formar jovens leitores”, acredita.

Neiva também destaca que, depois de encerrado o período do evento, a mostra vai fazer parte do acervo de um dos organismos públicos que financiaram o projeto e vai viajar pela França, para ir a bibliotecas, universidades e centros culturais.

“Espero que isso contribua para perenizar o nosso convite, dirigido ao leitor francês, para que leia ou releia Machado de Assis”, diz.

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