
Malu é uma "guria" curitibana que rói o osso da puberdade à maneira tradicional. Protagonista das tiras Folheteen, publicadas pelo cartunista José Aguiar na Gazeta do Povo, ela tem dificuldades de se comunicar e tomar decisões. E ainda precisa encarar um mundo estranho habitado por irmãos chatos, pais separados, amigos "tapados" e cheio de compromissos e responsabilidades difíceis de suportar.
Um dia ela perde o emprego de caixa de um supermercado, com o qual ajudava a manter a bagunçada família, e precisa se virar sozinha.
E tem inicio um mês de "perrengues" adolescentes que são contados na história em quadrinhos Folheteen Direto ao Ponto, que o desenhista curitibano lança hoje, às 19 horas, na Gibiteca de Curitiba.
Segundo Aguiar, a ideia de apresentar a personagem em uma graphic novel, e não em uma coletânea de tiras, permite aprofundar os dramas do amadurecimento comum à faixa etária da personagem e dos que a cercam.
"São situações que são tratadas com humor, mas que não são tão cômicas assim. O processo de amadurecer, às vezes, é penoso", conta. Para Aguiar, em livro a história "fica sedutora também para o público adulto, que se identifica com as mesmas situações vividas".
Tênis velhos
A autor revela que a Malu é um "misto das principais mulheres da minha vida, nas virtudes". O nome foi "roubado" de uma sobrinha. "As falhas especialmente vem de mim e refletem muito o adolescente que eu fui. No meu caso, eu tinha o desenho, mas tinha as mesmas dificuldades para me relacionar, tomar atitudes", diz.
O livro, que será distribuído em várias estados do país, usa Curitiba como cenário."Você reconhece a arquitetura, a fauna e a flora da cidade como os tênis velhos pendurado nos fios de luz. Mas o cenário não é turístico, tentei usar referências visuais sutis e manter a maneira de falar e o sotaque característico para apresentar a nossa cidade a um público maior", afirma.
Exposição
Mostra exibe making of de livro
A partir de amanhã, os originais, rascunhos e impressões do roteiro e dos desenhos do livro Folheteen Direto ao Ponto ficarão expostos na Gibiteca de Curitiba, no Solar do Barão.
"É uma espécie de making of do livro. O leitor pode ir até lá e ver as páginas prontas, os primeiros desenhos, a ideia do roteiro ..." , explica o autor, José Aguiar.
O projeto foi viabilizado pelo edital Mecenato Subsidiado, com apoio do Banco do Brasil.
No ano passado, antes de ir para o ponta do lápis, a história já tinha estreado no teatro. O roteiro "cru" já tinha sido representado por atores dentro do projeto Cena HQ, que faz leituras dramáticas de graphic novels produzidas no Brasil.
Após a apresentação houve um debate entre o autor e o público, que chegou a interferir no resultado final do trabalho. "A gente trocou ideias e fiz pequenas modificações. Ver a peça me ajudou a ver o que faltava para o quadrinho melhorar."





