
Famosa por alguns dos personagens mais marcantes da televisão brasileira, como a Duda da novela "Top model" e a Lourdinha da minissérie "Anos dourados", Malu Mader decidiu dar um tempo da telinha para se dedicar a uma paixão de infância: o cinema.
- Desde criança, ficava sozinha em casa vendo Sessão de Gala. Assistia a tudo que passava ali. Nessa época, via tudo de televisão, amava tudo que se referisse a dramaturgia. Para mim, novelas como "Saramandaia" e "O rebu" eram clássicos à altura de Billy Wilder e Elia Kazan. Mas naquela época, com 15 anos, não se pensava em ser roteirista, o mais óbvio era ser atriz, então fui fazer Tablado.
Mas, nos últimos anos, apenas atuar já não estava satisfazendo Malu.
- Quando eu virei a atriz chata que dava pitaco no roteiro, vi que tinha chegado a hora de mudar - explica.
Nesta sexta-feira chega aos cinemas "Contratempo" (veja o trailer), a estreia de Malu Mader como diretora, ao lado de Mini Kerti. No documentário, que será lançado com nove cópias em Rio, São Paulo e Brasília, 11 adolescentes carentes do projeto Villa-Lobinhos contam como suas vidas mudaram através do estudo da música clássica.
Aos 42 anos, Malu conta que o cinema tem tomado seus pensamentos e que a TV está cada vez mais distante, mas ela não teme que o tempo afastada da telinha vá prejudicar seu trabalho como atriz.
- Não tenho medo de envelhecer, tenho medo mesmo é de morrer. Até porque já estive muito próxima da morte várias vezes. Tenho vaidade, lógico, mas não sou paranóica com a idade. Os papéis diminuem, evidentemente, mas eu sou tranquila. E tem muitas artistas da minha geração, como a Christiane Torloni, que estão com trabalho constante, porque elas também buscam isso. Não sou workaholic, nunca fui de emendar uma novela na outra.
O próximo projeto de Malu para a tela grande será dirigir seu próprio longa de ficção. Ela está se deliciando com o processo e espera concluir o roteiro, sobre uma família de artistas, ainda no primeiro semestre, para conseguir começar a captar recursos até o fim do ano.
- O filme tem vários nomes, mas não quero queimar nenhum dizendo agora. Não gosto de falar antes porque muda muita coisa e parece que vai gastando a ideia, né? Tenho escrito muito e às vezes fico pensativa, viajando na história. Meus filhos olham para mim e dizem "Olha você no seu mundinho". Espero fazer uma coisa de baixo orçamento, se eu não pirar muito, porque a imaginação vai longe - ri.
E no próprio longa-metragem, ela poderá atuar:
- Estou ficando com saudade de atuar, pretendo escrever um papel para mim mesma no filme.
Mas a televisão vai ficando para trás.
- Não sou apaixonada por fazer novela, mas faço aquelas por que me apaixono. Acho uma obra longa e muito aberta, o que me dá uma certa apreensão. Eu prefiro o formato das minisséries. Acho mais gostoso, foi o formato que me fez mais feliz. Já fui espectadora assídua de novela, então me tornei atriz de novela. Eu quis aquilo. É o que hoje está rolando comigo em relação ao cinema. Pode ser que eu entre nessa onda de novo, mas é uma questão de momento.
Em sua folga da TV e entre um projeto e outro no cinema, Malu pensa em voltar ao teatro. Ela e um amigo planejam fazer uma remontagem de "A aurora da minha vida", de Naum Alves de Souza, em fase de captação.
- Estou com um projeto, mas sou pouco empreendedora em teatro. Sou meio bissexta, tenho uma certa preguiça de deixar de ficar com meus filhos para trabalhar todo fim de semana, mas nesse caso seria estar para estar com uma turma de amigos.



