Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Cinema

"Manhã transfigurada" traz Manuela do Monte sensual aos 17 anos

Atriz de "Paraíso" está em longa que estreou sexta nos cinemas. Filme rodado no Rio Grande do Sul levou sete anos para ser lançado

Manuela do Monte vive Camila no filme "Manhã transfigurada" | Divulgação
Manuela do Monte vive Camila no filme "Manhã transfigurada" (Foto: Divulgação)

Aos 24 anos, Manuela do Monte já é velha conhecida dos fãs de novela. Fez sua estreia na TV em "A casa das sete mulheres" e desde então participou de várias produções, como "Malhação", "Páginas da vida" e a recente "Paraíso". Antes de tudo isso, no entanto, ela fez "Manhã transfigurada", filme que estreou na sexta-feira (21) nos cinemas.

Todo rodado no interior do Rio Grande do Sul, o filme levou sete anos para ser lançado. O diretor, Sérgio de Assis Brasil, faleceu no fim de 2007, antes de ver o próprio longa nos cinemas. "Eu adoro ele, foi um grande amigo, me ajudou muito. É uma tristeza não estar com a gente", lamenta Manuela. A história, adaptada da obra e Luiz Antonio de Assis Brasil, conta a história da romântica Camila (Manuela), que tem de se casar com um homem que não ama.

Na noite de núpcias, ao ouvir grosserias do marido, acaba confessando que não é mais virgem. Como punição, é condenada a ficar presa na própria casa, até que o casamento seja anulado. Entediada, ela decide seduzir um inocente sacristão chamado Bernardo (Rafael Sieg). "Ela beira a insanidade. Ela é uma mulher que teve seus desejos muito reprimidos", conta Manoela.

Leia a entrevista completa:

Você tinha apenas 17 anos quando filmou "Manhã transfigurada". Foi seu primeiro trabalho profissional?

Foi. Eu estava muito envolvida com teatro. Tínhamos um grupo, fazíamos esquetes e apresentávamos na feira da cidade, nas escolas. Eu era superenvolvida. Aí fui chamada para fazer o teste para filme. "Manhã transfigurada" tem uma história de sete anos entre o final das gravações e agora a exibição para o público. Mas antes disso ainda teve dois anos, de escalação de elenco e captação. Era uma outra menina que faria a Camila, mas ela teve uma proposta de trabalho em São Paulo e foi. Fiz o teste bem despretensiosa, não imaginava que iria passar. Passei.

E como foi na época fazer cenas de nudez e de sexo?

Eu fiquei bastante tímida no set. Claro que não foi fácil eu me desprender e entrar no clima. Mas isso aí eu encarei no momento em que li o romance, gostei do roteiro e achei que era uma história legal de ser contada. Encarei, topei fazer. Na hora rolou um constrangimento, mas que logo se diluiu. A equipe estava reduzida na hora das cenas, e todo mundo lidou com muito carinho com isso tudo. O meu parceiro de cena, o Rafael Sieg, é um querido, um ótimo ator, que me deu muito apoio naquele momento.

As filmagens levaram um ano para acontecer?

Isso. Nós começamos em janeiro de 2002. Houve alguns intervalos, e terminamos em setembro. Em outubro eu já estava contratada para "A casa das sete mulheres".

O filme está saindo só agora e mesmo assim já te ajudou tanto na sua carreira...

Exatamente. É um filme que me rendeu frutos muito antes de estrear. Muito antes mesmo (risos). Foi uma sorte. O Jayme Monjardim estava pesquisando locações para "A casa das sete mulheres" e esbarrou com uma foto minha de cena. Tirou um xerox e pediu para procurarem aquela atriz. Ninguém me achou. Eu fui com a galera do filme para Porto Alegre fazer um teste que a RBS (emissora de TV) estava fazendo para mandar para a Rede Globo, de cadastro de elenco. O Jayme gostou do meu teste sem perceber que eu era a menina da foto. Me chamou para um segundo teste mais específico e, quando me viu de novo, percebeu que era a mesma pessoa. Me contratou.

O que você acha da proposta que o Sérgio de Assis Brasil tinha de fazer cinema no interior do Rio Grande Sul?

Eu acho importante. O Brasil é tão grande, precisa dessa iniciativa. A gente tem que começar, tem que dar o primeiro passo, e as coisas vão acontecendo. Foi assim também na minha trajetória. O que vale é a iniciativa.

Como você vê essa dificuldade em lançar um filme? O seu está chegando aos cinemas só sete anos depois...

Cinema é mais demorado. Tem uma galera que diz que o cinema é a arte da espera. Mas cada história é uma história, e a nossa foi assim. Antes tarde do que nunca. O importante é que as coisas aconteçam, sabe?

Queria que você falasse sobre o trabalho com o Sérgio e como tem sido lançar o filme sem a participação dele.

O Sérgio era um querido. Ele tinha esse sonho, de fazer esse filme. Eu adoro ele, foi um grande amigo, me ajudou muito. A cada trabalho meu, ele me ligava, criticava, elogiava. Nós continuamos tendo contato, ele vinha ao Rio e sempre quando eu ia para Santa Maria [no interior do Rio Grande do Sul, onde vive a família da atriz] encontrava com ele. Viramos amigos. Eu sou muito grata pela oportunidade que ele me deu.

O que ele teve?

Manuela – Eu não sei direito como foi. A família ficou meio reservada na época, então não sei detalhes. É uma tristeza muito grande ele não estar com a gente. Mas a vida é assim, a gente tem que seguir em frente. Que bom que teve o Álvaro [de Carvalho Neto] aí, o nosso produtor, que, incansável, está nos proporcionando hoje essa oportunidade de lançar o filme.

Como você se preparou para fazer a Camila?

Tivemos muitos ensaios. E o elenco me ajudou muito, pois todos já eram formados. Me deram muita força, e a gente conversava bastante sobre os personagens.

Você acha que ela fica louca?

Eu acho que ela beira a insanidade, sim. Ela é uma mulher que teve seus desejos muito reprimidos. E acho que o Sérgio queria falar disso, sabe? A Camila, nessa virada dela, percebe que é uma mercadoria e resolve não ser mais. Atacar para não ser atacada. É muito delicada a situação dela, que fica presa por muito tempo, sozinha. Ela não tinha direito nenhum, era propriedade do marido. E resolve não ser mais. Resolve ela mesma contar a história dela.

Depois de tanto tempo, ao rever o filme, como analisa o seu trabalho?

Estou fazendo uma novela, que é "Paraíso". Eu assisto hoje a uma cena que eu fiz ontem e já mudaria. Isso é inevitável. É claro que tenho algumas críticas ao meu trabalho, da mesma forma que tenho ao que eu faço hoje. São críticas construtivas, e eu acho bom olhar o meu trabalho de uma maneira crítica. Mostra que não estou confortável, que quero sempre mais. É isso que me faz ir em frente.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.