
Talvez por ter sido dirigida por um norte-americano e rodada em Londres com atores britânicos, a comédia Maratona do Amor transita por dois tipos de humor característicos: o escatológico (muito comum em produções dos Estados Unidos) e o irônico (ou sarcástico, no qual os súditos da rainha são mestres).
Ao lançar mão dessa fusão, David Schimmer, o Ross da série Friends, consegue fazer uma estréia na direção mais que convincente. Porque Maratona do Amor não é imbecil como uma comédia escatológica costuma ser nem fria demais algo recorrente quando os britânicos resolvem fazer graça.
Dennis Doyle (Simon Pegg) é um perdedor dos grandes. Tem subemprego, abandonou a noiva grávida no altar e vive cultivando uma barriga improvável. Um dia depois de conhecer Whit (Hank Azaria), atual noivo de sua ex-futura mulher , ele descobre que ela é o grande amor de sua vida. E começa uma campanha para reconquistá-la. Daí a idéia de disputar a maratona de Londres com Whit que, além de ser um americano endinheirado, é atlético.
Boa parte do filme mostra os treinamentos de Dennis para a corrida. Uma coisa meio Sylvester Stallone como Rocky Balboa. Ele tenta diminuir a cerveja e a barriga, e usa umas roupas engraçadas como uma camiseta justa com estampa do David Bowie. Sai para correr e termina com assaduras nas virilhas e uma bolha do tamanho de uma laranja na planta do pé.
Além de Simon Pegg, um comediante carismático no papel principal, um destaque do elenco é Dylan Moran, que interpreta Gordon, o amigo de Dennis viciado em jogo e bebida. A cena de Gordon furando a bolha justifica o "escatológico" do primeiro parágrafo desta resenha.
Maratona do Amor é alto astral, despretensioso e consegue arrancar umas boas risadas (quando se está no clima favorável para a comédia, claro).



