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Visuais

Marc Riboud e o calor do Brasil

Integrante da agência Magnum em sua época de ouro, o fotógrafo francês ganha exposição em que revela seu encanto pelo Rio de Janeiro

A imagem da jovem que oferece uma flor aos soldados armados influenciou o pensamento pacifista do mundo todo | Marc Riboud/Divulgação
A imagem da jovem que oferece uma flor aos soldados armados influenciou o pensamento pacifista do mundo todo (Foto: Marc Riboud/Divulgação)
Pessoas sorridentes da Favela da Maré, no Rio,

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Pessoas sorridentes da Favela da Maré, no Rio,

Pintor em risco na Torre Eiffel: denúncia social e beleza plástica |

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Pintor em risco na Torre Eiffel: denúncia social e beleza plástica

Alguma coisa no Brasil inspirou o fotógrafo francês Marc Riboud a fazer aqui imagens muito mais coloridas e realistas do que o normal em sua carreira. Celebrizado por seu trabalho na icônica agência Magnum e por cliques como este ao lado, em que uma pacifista confronta soldados, o artista passou por Rio de Janeiro e Porto Alegre em 2009, levando de volta para a Europa vários retratos de moradores da Favela da Maré e releituras de pontos turísticos brasileiros. Esse material agora volta ao país em exposição no Museu Oscar Niemeyer (MON) e promovida pela Aliança Francesa.

Das 61 ampliações que integram a mostra, dez contêm composições que somam 33 fotografias tiradas no Brasil. Para um artista que se desenvolveu e fez sua marca na imagem em preto e branco, essas últimas chamam a atenção pelo colorido.

"Nas fotos em preto e branco, Riboud compõe com o claro e o escuro e apenas em um segundo momento os personagens entram em cena. Já nas imagens coloridas parece que ele ‘perdoa’ o preto e branco para, então, escrever com a luz incorporando todas as cores", afirma a diretora do MON, Estela Sandrini, no material de divulgação da exposição.

O próprio Riboud se referiu à sua visita ao país, por ocasião do Ano da França no Brasil, como um momento de encontros calorosos. "Mais ainda do que a beleza das paisagens e das cidades, pude apreciar o calor e a elegância das relações humanas; este sentimento que, tão longe da França, a compreensão é imediata, profunda." Talvez por isso as imagens surpreendam com poses não tão comuns em suas fotos feitas em outros países, como Turquia, Rússia, Nigéria, Gana, Vietnã, China e Japão.

A fotografia dos confins da Terra foi e ainda pode ser considerada uma marca da agência que Riboud ajudou a erguer. Ao lado de Cartier-Bresson e Robert Capa, os garotos da Magnum "saíram do convencional ao se especializar em terras distantes e pouco acessíveis para a época", nas palavras do presidente em exercício da Aliança Francesa, Sérgio Bruel.

Cada imagem parece um tratado sociológico sobre o país onde estavam. Na China de 1965, por exemplo, Riboud flagrou a rua que concentrava os antiquários de Pequim, onde a população entregava suas joias para custódia do Estado sem qualquer indenização durante a Revolução Cultural.

Em plena Paris da década de 50, enquanto para lá convergiam grandes pensadores estimulados pelo pós-guerra, o risco extremo de um pintor empoleirado na Torre Eiffel, com um apoio mais que precário, rendeu uma imagem quase absurda. Um passo de balé nas nuvens.

Na imagem pela qual ficaria mais conhecido, Riboud posiciona a câmera a meio caminho entre uma jovem com sua flor e soldados com seus rifles, num protesto antiguerra em Washington, em 1967.

Serviço:

Marc Riboud. Museu Oscar Niemeyer (Rua Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. 3ª a dom. das 10h às 18h. R$4 (adultos), R$2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas). Até 11 de dezembro. Lançamento hoje às 19 horas no local com entrada franca.

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