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Rock

Marrento, mas só no palco

Liam Gallagher, vocalista da banda Oasis, fala com a reportagem da Gazeta do Povo sobre música, estrelato e o assédio dos fãs

Liam Gallagher: “Não me incomodam de jeito nenhum os pedidos de fotos e autógrafos. Só leva cinco minutos. Eu tiro fotos, eles compram meus discos. Eles me dão uma vida boa, é isso” | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Liam Gallagher: “Não me incomodam de jeito nenhum os pedidos de fotos e autógrafos. Só leva cinco minutos. Eu tiro fotos, eles compram meus discos. Eles me dão uma vida boa, é isso” (Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo)

Duas horas antes de subir ao palco do Expotrade, anteontem em Pinhais, Liam Gallagher – principal vocalista do Oasis – conversou com a reportagem da Gazeta do Povo. Vestindo camiseta branca, calça jeans e calçando sapatos que imitavam pele de onça, Liam chegou acompanhado de um segurança particular, mas despido de todo e qualquer adjetivo negativo que o persegue.

"Cansado, eu? Não mesmo. Essa turnê está sendo fantástica. Na noite passada [sábado], em São Paulo, fizemos um dos nossos melhores shows. Só teve um idiota que jogou algo no palco e estragou um pouco", diz, de maneira paradoxalmente cordial, o músico de 36 anos.

O Oasis chegou a Curitiba no domingo pela manhã. E a sua visão sobre a cidade limitou-se às possibilidades da janela do 14º andar do hotel em que se hospedaram. "Pelo que vi se parece com a Inglaterra. Esses prédios e avenidas grandes são como em Nova Iorque. Gostei", explica Liam, batendo constantemente uma garrafa de água na mesa a sua frente.

Quinze anos depois de Definitely Maybe, primeiro disco do Oasis, Liam continua cantando "Rock’n Roll Star" com a vigor. A música abriu o show dos britânicos em Curitiba e reafirmou a posição do vocalista. "Sim, me sinto com um astro, sem dúvidas. Uma estrela, mas não uma estrela do rock. O que é o rock-and-roll? Me sinto parte importante do Oasis, e isso é bom", explica Liam.

As aventuras adolescentes do astro parecem ter ficado lá no fim dos anos 1990. E o reflexo disso é perceptível de forma musical. Liam considera os dois últimos discos do Oasis trabalhos mais maduros e "preocupados". Talvez por isso mesmo tenham superado e muito os discos posteriores a Be Here Now (1997).

"Hoje eu aprecio mais o que faço. Quando você é jovem – ao menos para mim, no meu mundo –. você quer viver no limite e ter algo em que se agarrar. Você precisa dizer às pessoas quem você é. Mas hoje eu sou maior do que isso, do que a música em si. Não passo noites inteiras bebendo, por exemplo".

O irmão Noel anunciou que está com um disco-solo pronto, fato que não surpreendeu Liam, mas abalou o tom da conversa e das respostas. "Ele diz isso o tempo todo. Se ele fez, ele fez e pronto. Acho que ele tem muitos fãs na banda que talvez esperem por isso, mas estamos no meio da turnê, não sei se é o momento certo para falar disso. Se ele quer fazer, que faça essa p*** logo. Se não fizer, posso fazer um antes. Tenho uma porção de músicas que renderiam um disco", explica Liam.

Se, no palco, Noel já se aproxima do jeito Paul McCartney de ser – anteontem cantou músicas em formato acústico –, o irmão mais novo continua a gostar do barulho e da energia do rock. "Eu gosto é de estar com minha banda no palco. Sessões pocket e apresentações na tevê me dão vontade de vomitar", diz o britânico, fã das conterrâneas bandas Kasabian e Free Peace – "os caras da Peace são meio Led Zeppelin, sabe?".

Já ao fim da conversa, depois de entornar duas garrafas de água mineral, Liam fala sobre a relação com fãs do Oasis – "não me incomodam de jeito nenhum os pedidos de fotos e autógrafos. Só leva cinco minutos. Eu tiro fotos, eles compram meus discos. Eles me dão uma vida boa, é isso" –, exalta seus companheiros de banda – "o Andy Bell [baixista, ex-Ride] eu tenho que dizer, é um dos melhores músicos do mundo. Gem Archer... ninguém toca guitarra como ele. E o Chris [Sharrock] é impressionante – e debocha de um dos maiores ídolos da música inglesa. "O Morrissey perdeu seu lado rock e se transformou em uma velha chata."

Liam levanta-se, estica o braço para cumprimentar o jornalista e, com muita simpatia, diz suas últimas palavras: "Se cuide, cara".

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