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Débora Falabella, apesar de boa atriz, está um pouco exagerada em sua tentativa de convencer como doente mental | Divulgação
Débora Falabella, apesar de boa atriz, está um pouco exagerada em sua tentativa de convencer como doente mental| Foto: Divulgação

Em cartaz em Curitiba desde a última sexta-feira, Meu País é uma obra um tanto atípica na atual paisagem cinematográfica brasileira. O filme de André Ristum, um drama familiar intimista, não chega a ter a estética televisiva que tem levado milhões às salas de exibição nacionais, mas também oferece pouco em termos de invenção visual ou narrativa. Limita-se a cumprir relativamente bem sua missão, que é contar uma história interessante.Optando pela sobriedade, que vai das cores pálidas e frias da fotografia, assinada por Hélcio Alemão Nagamine, às interpretações do elenco, Ristum centra o seu foco no confronto entre dois irmãos, Marcos (Rodrigo Santoro) e Thiago (Cauã Reymond), muito diferentes um do outro em diversos aspectos. O primeiro, mais velho, há anos optou por viver na Itália, e se afastou da família, na tentativa de construir seu próprio caminho. O mais novo, que ficou no Brasil, é um playboy inconsequente, viciado em jogo e na boa vida à qual está acostumado desde menino.

Quando o pai (Paulo José, em breve porém marcante atuação) morre, Marcos retorna ao Brasil acompanhado da mulher italiana, Giulia (Anita Caprioli), mas não pensa em ficar muito tempo. Quer resolver tudo o mais rápido possível e partir. Mas seus planos são atropelados. A empresa do pai atravessa uma crise, Thiago tem altas dívidas de jogo e está ameaçado de morte e, para completar, o personagem de Santoro descobre terem uma meia-irmã, Manoela (Débora Falabella), uma moça de 20 e tantos anos e com idade mental de 10 a 12.

O confronto com tudo aquilo que não sabe, ou não quis descobrir antes sobre a sua família, e, portanto, sobre si mesmo, evidencia que, até certo ponto, a vida de Marcos tem sido uma grande fuga. E agora chegou a hora de ele enfrentar o que lhe cabe de uma vida familiar marcada pelo não dito.

Assemelhado a filmes italianos contemporâneos – não à toa, há cenas rodadas em Roma –, sóbrios, realistas e, de certa forma, convencionais, ainda que dramaticamente competentes, Meu País corre sério risco de não encontrar seu público no Brasil, justamente por essa tentativa de escapar do popularesco, mas também sem abraçar a ousadia formal que atrairia um público mais jovem, como seus protagonistas. Santoro, premiado no Festival de Brasília, está excelente no papel do contido Marcos. Reymond também se sai bem como o caçula rebelde e instável. Já Débora, apesar de boa atriz, exagera um pouco nas tentativas de convencer como doente mental.

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