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Estreia

Michael Jackson e a paixão por uma brasileira

Atores ficam quase imóveis em cena, o que representou um desafio para a interpretação | Marco Novack/Divulgação
Atores ficam quase imóveis em cena, o que representou um desafio para a interpretação (Foto: Marco Novack/Divulgação)

O que aconteceria se uma brasileira se apaixonasse por Michael Jackson em sua passagem pelos morros brasileiros em 1996, e conseguisse atraí-lo de volta? O escritor e dramaturgo Fernando Bonassi imaginou e isso rendeu o conto Vidas Paralelas ou a Incrível História de Marileide e Michael Jackson, cujo final tem duas versões diferentes.

A história ganhou uma adaptação para o Teatro Novelas Curitibanas, com estreia hoje, às 20 horas. Quem dirige a Pausa Companhia é Rafael Camargo (de Helena e Buraco da Fechadura). Na versão para o palco, quatro atores encarnam radialistas de um programa de rádio esquisito, em que toca pouca música e sempre do mesmo artista – o rei do pop.

Aos poucos, e sutilmente, eles contam a história imaginada por Bonassi. O astro vem ao Brasil e Marileide, uma miserável da periferia de São Paulo, o deseja terrivelmente. Ela recorre então a um pai de santo para tentar conquistá-lo. Precisa de uma peça íntima de seu grande amor e consegue agarrar uma máscara de proteção que Michael é convencido a tirar, acreditando que o ar brasileiro não é tão nefasto assim.

Seguem-se os dois finais possíveis e um terceiro, criado pela trupe. Em um deles, a macumba dá certo e a dupla se casa; no outro, Marileide vaga enlouquecida pela Rua das Noivas de São Paulo. O terceiro flerta com a realidade ao relatar a morte de Michael por overdose e a da brasileira, como indigente.

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Se não é uma peça física, em que os atores prendam o espectador pelos movimentos – os quatro ficam sentados em cena o tempo todo –, Vidas Paralelas inova ao colocá-los para operar a iluminação e a sonoplastia do espetáculo. Rosana Stavis, Gabriel Gorosito, Marcel Szymanski e Moa Leal é que fazem a luz e o som para si mesmos.

A contenção decorrente contribuiu para aprofundar a estética buscada pelo diretor Rafael Camargo. "É tudo narrado, tem a imobilidade do meu teatro, um represamento", explicou à Gazeta do Povo.

O humor do texto, em que foram suprimidos e acrescentados elementos, é patético e melancólico. "Tivemos mais pena do Michael que dela", contou Gabriel à reportagem, ao falar sobre o clima da peça.

"No começo parecia fácil fazer a transmissão ali sentado, mas não é, porque só dependíamos da voz, não podíamos usar outros recursos de ator."

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