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Karaokê ao vivo

Micophone resgata programas de auditório e leva público ao palco para cantar

Priscila Graciano, uma das vocalistas do grupo, diz que banda de karaokê é embalada por influências de Hebe Camargo e Chacrinha

Público assiste a apresentação da banda Micophone e pode subir ao palco para cantar | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Público assiste a apresentação da banda Micophone e pode subir ao palco para cantar (Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo)
Para os envergonhados, opção

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Para os envergonhados, opção

Membros da banda se preparam no camarim, que também é usado pelo próprio público para se preparar para subir ao palco |

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Membros da banda se preparam no camarim, que também é usado pelo próprio público para se preparar para subir ao palco

Banda resgata show de calouros em show que conta com participação do público |

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Banda resgata show de calouros em show que conta com participação do público

Priscila, uma das vocalistas da banda Micophone |

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Priscila, uma das vocalistas da banda Micophone

Foi nos programas de calouros como os de Chacrinha e Raul Gil que os integrantes da banda Micophone buscaram inspiração para fazer algo original. Desta forma, Luciane Seretni e Priscila Graciano criaram o conceito da banda de karaokê, que hoje toca todas as quartas-feiras no Era Só o Que Faltava. "Eu não gostava daquela coisa da 'maquininha' de karaokê, mas a gente tenta levar ao palco a questão dos figurinos, brincamos com algumas coisas do Chacrinha. É um show de calouros", disse Priscila em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

É com este conceito que o grupo tenta resgatar um hábito que não é popular na noite curitibana. Hoje, a cidade tem apenas cinco bares em funcionamento com a máquina de karaokê, uma prática que há alguns anos era maior. "Hoje em dia as pessoas procuram karaokê para cantar em casa, até porque é onde elas estão protegidas. Quando passa qualquer tipo de moda, ficam só aqueles que são adeptos de carteirinha", disse Priscila.

O grupo propõe não só o cantar, mas a performance como um todo. São disponibilizados para o público uma série de itens de figurino, que compõem um show completo. A banda auxilia na entrada da hora de cantar, e ajuda os mais envergonhados na hora de mostrar o desempenho vocal. O repertório apela para os hits mais conhecidos do público, além de muitas opções de música brega. "Nos baseamos em músicas tanto nacionais quanto internacionais que sejam conhecidas", acrescentou Priscila.

A vocalista falou ainda sobre algumas das performances mais memoráveis, além de contar um pouco de alguns personagens que são sempre vistos no palco da banda.

Leia a entrevista na íntegra:

Quando começou o projeto do Micophone?

Foi uma idéia da Luciana, que faz parte da produção da banda. Ela é conhecida como Shirley nas apresentações. Ela queria algo que fosse original e pensou em uma banda de karaokê.

Quando que surgiu esta idéia?

A primeira vez que falamos sobre isso foi cerca de quatro anos atrás.

Todos os membros da banda já eram amigos?

A gente já era amigo, mas não tocávamos juntos.

O fato de escolherem por uma banda de karaokê foi porque vocês já gostavam disso?

Algumas pessoas da banda sim, mas outras não.

No seu caso, você gostava?

No meu caso, não. Eu não gostava daquela coisa da "maquininha" de karaokê, nunca gostei. Nem freqüento e nem nunca freqüentei karaokê. Até falei para a Lu que eu achava que não iria gostar. Aí eu falei que se a gente melhorasse essa história brincando com os programas de calouros, aí eu iria gostar mais. A gente começou a dar muita risada juntas, a princípio só nós duas, e "piramos" em torno do show de calouros, os programas de auditório. A gente tenta levar isso para o palco, não só o karaokê. Até mesmo a questão dos figurinos, o meu é baseado na Hebe Camargo. A gente brinca com algumas coisas do Chacrinha. A idéia surgiu com a banda para fazer karaokê, mas daí a gente foi elaborando para sair o show de calouros.

Você e os membros da banda assumem outro nome em cima do palco?

Isso, cada um de nós tem um nome. A gente buscou deixar um pouco teatral, aí eu curti. Não seria o karaokê mesmo, que sai um e entra outro. Tem uma piada em torno disso. A Luciane acabou virando a Shirley. Ela faz toda a produção de figurino. A gente tem seis músicos na banda, mas a gente precisa de duas pessoas que auxiliam o público para vir cantar. A gente tem o Tony que faz isso lá embaixo e tem a Lu. O nome dele vira Vassirley e o dela Shirley. A gente apela para uns nomes bregas, e a banda acabou virando isso. Uma banda brega, com karaokê e um programa de auditório.

Como é feita a montagem do repertório?

A gente apela para os hits, músicas extremamente conhecidas. Todo mundo opina, a gente pega um monte de músicas e apostamos naquilo que vai sair mais. É baseado sempre em músicas tanto nacionais quanto internacionais que sejam extremamente conhecidas.

Vocês têm a preocupação em renovar o repertório?

A cada dois, três meses a gente renova o repertório. Agora a gente está com 160 músicas. A gente vai muito nos pedidos das pessoas também.

Há espaço para sucessos recentes como NX Zero e Rihanna?

Tem sim. Já tem Pitty, agora a gente está colocando algumas músicas do Armandinho.

É baseado mais no gosto do público ou o de vocês?

A gente tenta mesclar um pouco. Tem algumas coisas que a gente acha muito ruim, muito chato de tocar. Aí a gente não toca, a não ser que tenha muito pedido. Mas normalmente a gente se baseia ou em coisas que a gente acha muito engraçado como Sidney Magal, Gretchen, além de coisas que a gente gosta ou sucessos que sejam "não amo nem odeio" (aos risos).

Há uma parte no show que as pessoas podem cantar no chuveiro. Como surgiu essa idéia para os cantores mais envergonhados?

Essa idéia surgiu da Lu também. Na verdade a gente ficou "pirando" em coisas bem ridículas, fomos para a coisa do programa de calouros, que é muito brega, e pensando nessa linha. A Lu é uma pessoa muito tímida, então talvez tenha vindo da cabeça dela, no sentido que ela se colocou na posição de alguém (aos risos). Até porque as pessoas costumam falar que só cantam no chuveiro. É uma coisa de quem não é profissional.

Tem algum momento que você lembra como o mais engraçado que você já passou no palco?

Teve um momento muito engraçado quando subiu ao palco um cara enorme e outro bem pequeninho, baixinho mesmo. Eles subiram os dois, um em cima do outro, e como a gente tem vários figurinos, perucas, acessórios, a gente tem uma capa. Os dois se esconderam completamente dentro daquela capa e subiu aquela criatura enorme que a princípio todo mundo levou um susto. Eram os dois e eles fizeram uma bagunça. Tem outro cara que imita muito bem o Ney Matogrosso. Ele coloca todos aqueles boás, coloca na cintura e faz como se fosse uma saia e ele rebola como se fosse o próprio Ney Matogrosso. Tem outro que parece o Mick Jagger. A gente fala que ele é um filho perdido do Mick Jagger porque ele imita muito bem. Todos eles viraram ícones aqui no Micophone, e sempre que eles sobem é um arraso. Tem outra que ela canta muito agudo e ela canta uma música da Rosana, "O Amor e o Poder", que é muito brega. Ela canta aquilo e o bar inteiro para quando ela canta. São situações engraçadas. Tem de tudo, e tem as pessoas que sobem e arrasam, cantam muito bem. Tem espaço para todo mundo, para quem quer brincar e para quem é profissional, que só não é profissional porque não quer.

Não tem a preocupação em ser sempre muito engraçado e brega? Os que cantam bem realmente têm o seu espaço?

Sim, tem espaço para tudo. E uma coisa que a gente sempre tem cuidado é em não "zoar" com ninguém. As pessoas sobem nervosas, elas na minha mão e com a mão gelada e falam "me ajuda a cantar!". A gente ajuda realmente, brincando, mas de uma maneira que ajude a pessoa a se soltar. A minha função e da outra vocalista é ajudar a pessoa a cantar.

Você já passou alguma "saia-justa"?

Já. Sempre tem aquelas pessoas que bebem um pouco mais e aí quer subir no palco. Para isso a gente tem uma buzina como se fosse a do Chacrinha para dar umas cortadas. Nunca aconteceu nada grave, só temos às vezes que convidar a pessoa a sair do palco, falando "puxa, já acabou!", chamando outro. Tem um pessoal que perde a noção, principalmente depois de beber muito.

Você acha que cantar no karaokê já é um "mico" independente de cantar bem ou mal?

Não, eu acho que é uma coisa de gosto. A maior parte das pessoas já tem a máquina de karaokê em casa. É o gosto das pessoas, eu realmente sempre fugi de lugares que têm karaokê, era o último lugar que eu iria. Mas não é por causa das pessoas cantando, é por causa do som da máquina. Eu acho muito ruim o som. Agora, as pessoas cantando no palco, eu acho muito legal. As pessoas fazem uma performance, elas tentam se soltar.

Que artifícios você usa para as pessoas que são muito tímidas?

Elas entram no palco e eu já começo a conversar, pergunto o nome delas. Pergunto se elas querem falar alguma coisa para as pessoas, sempre com esse tom meio brega. A gente vai dançando um pouco, não deixamos a pessoa sozinha. Se a gente percebe que a pessoa está um pouco insegura a gente fica junto, ajuda a cantar a entrada. Normalmente a pessoa perde a entrada, pois na máquina de karaokê tem o desenho que dá a entrada, a hora de começar e de parar de cantar. Ali as pessoas contam com a gente para isso.

Mas tem uma letra para a pessoa acompanhar?

Sim, tem uma letra enorme. A gente brinca que até os míopes podem cantar (aos risos).

Essas duas pessoas que você disse que auxiliam as pessoas não tocam nenhum instrumento, certo?

Sim, eles não são músicos, mas fazem parte da banda. São oito pessoas no total.

Quem faz mais sucesso no palco, os homens ou as mulheres?

(Risos) Depende muito do dia. Semana passada foi até engraçado porque só subia mulher no palco. Eu até brinquei e falei "gente, pode subir homem sem problemas". Aí eles começaram a subir. Depende de quem está na platéia. É muito comum subirem duas pessoas, três pessoas, para uma dar apoio para outra. Aí se sobe um grupo de meninas bonitinhas os homens já se animam. Mas as mulheres já têm uma coisa até de praxe de berrar mais, principalmente se sobe um homem bonito. Normalmente as mulheres se soltam mais na platéia em qualquer show que a gente vá. Então depende muito da platéia.

Vocês têm algumas pessoas que acompanham sempre o Micophone?

Tem um público fiel, algumas pessoas que sobem sempre para cantar. As pessoas começam a ver que elas podem subir e fazer uma palhaçada, até porque a gente tem um cardápio com várias opções. Por exemplo, a pessoa pode cantar só o refrão, ou então fazer backing vocal. As pessoas podem também dublar se ela quiser. Temos outra opção para as pessoas que não querem cantar nem nada e querem só dançar. As pessoas podem fazer também pedidos de músicas para a banda executar. Então é um menu cheio de opções. É aí que tem a opção cantando no chuveiro também. Tem a opção "quero mandar recadinho do coração para quem eu amo" e aí a gente faz um recado bem brega, aquelas coisas bem melosas.

Vocês inventam tudo na hora ou tem um roteiro pré-programado?

É tudo feito na hora, na base do improviso. É um show interativo, com várias maneiras de interagir, e é claro que depende de quem está lá e do que as pessoas querem na hora.

Quais são as canções que fazem mais sucesso com o público?

Sidney Magal, qualquer música dele é sucesso. A Madonna, "Like Virgin" todo dia tem alguém que quer cantar. Rita Lee também toca bastante, e também "Como os Nossos Pais" da Elis Regina.

São mais nacionais do que internacionais?

Sim, mais nacionais. Tem também YMCA na qual sobem os homens e fazem a performance. Tem a performance dos Menudos também. Tem de tudo.

Como que você acha que o karaokê resiste em uma cidade como Curitiba, onde não é popular?

Eu acho que tinha uma época que tinha uma moda maior, há uns dez anos. Tinham muitas casas com karaokê. Hoje em dia as pessoas foram procurando o karaokê para cantar em casa, até porque daí elas estão protegidas, cantando dentro do chuveiro embora não estejam no chuveiro. Eu acho que é isso, quando passa qualquer tipo de moda ficam só aqueles que são adeptos de carteirinha. Eu acho que assim com qualquer tipo de moda, com o karaokê a mesma coisa.

Qual é o custo de se manter uma banda de karaokê, que exige além de tudo a manutenção dos instrumentos?

É um trabalho. A gente sabe que cada banda é como se fosse uma micro-empresa. Cada um tem as suas funções, ganhando para aquilo e tendo que dar conta das coisas que tem para fazer. Escolher músicas, tirar as músicas, ensaiar as músicas. Manter todas as opções afiadas, figurino, performance, além das questões burocráticas que a cargo da Luciane e eu. Tem toda uma outra função que é a produção da banda.

Mas dá certo? Vocês têm um bom retorno com as apresentações semanais que fazem no Era Só O Que Faltava?

Tem dado muito certo, tanto lá no Era Só o Que Faltava como empresas que buscam o nosso trabalho para eventos. É bacana porque quando o grupo é de pessoas já conhecidas é até mais fácil.

Vocês todos fazem parte de outra banda de outro estilo musical?

Temos sim. Todos nós fazemos parte de outras bandas.

Mas você tem pretensão de continuar crescendo com o Micophone?

A gente só está no começo. Temos que fazer muito ainda para crescer, a maior parte das pessoas ainda não conhece o grupo. É uma coisa que a pessoa pode não querer cantar, mas é interessante assistir, até por não ser só um karaokê. Não é uma banda de karaokê. A gente quer levar isso para fora, divulgar o máximo possível.

Você só trabalha com música?

Sim, só trabalho com música. Faço parte também de outros grupos, talvez o mais conhecido deles seja o grupo Fato. Todos nós, só trabalhamos com música, tirando a Luciane que é professora de capoeira também.

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