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mostra SP

Mike Tyson é personagem de documentário

De forma inconsciente, a filmagem de Tyson, exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, funcionou como uma forma de psicanálise para aquele que já foi o terror dos ringues (e, pensando bem, fora deles também) conhecido pelo apelido de "Iron" Mike.

A conclusão é do "doutor", ou melhor, do diretor do filme, o americano James Toback.

"(A filmagem) foi como uma elaborada sessão de psicanálise na qual todas as complexas vozes, memórias e impulsos brigavam por atenção e supremacia", diz Toback em entrevista. "Mike foi finalmente capaz de deixá-los saírem."

O resultado foram desabafos, muito choro e uma mensagem de que "ei, sou um cara legal".

Toback explica a sua técnica: mostrava a Tyson, sem alertar a que ele assistiria, cenas de sua história e pedia que ele falasse o que lhe ocorresse.

"Assim como um psicanalista, abri a porta para que todas as vozes que ele tinha na cabeça saíssem. Sua mente vagou liberta. Em uma sessão com o psiquiatra ou com o psicólogo, discutem-se coisas. Mas eu fui mais um provocador", diz.

Tyson encarou episódios humilhantes, como a prisão pelo estupro de Desiree Washington, o "talk show" no qual sua então mulher, Ro­­bin Givens, o acusou de ser ma­­níaco-depressivo e a famigerada luta na qual tirou, a dentadas, um naco da orelha de Evander Holyfield.

"Sabia que, se expusesse Mike a essas situações, mas da forma correta, ele cooperaria."

Apesar de ser formado por Harvard e ser branco, dois ingredientes que geralmente tornariam Tyson arredio, Toback escondia um ás na manga.

O diretor se vangloria de conhecer Tyson há 25 anos – quando o pugilista visitou o set de O Rei da Paquera. Como Tyson, ele se autodefine como "um homem de extremos".

"Temos longa história de intimidade e cumplicidade. Tínhamos em comum manias semelhantes, estávamos abertos e sem inibições para dividir nossas vozes e obsessões."

Uma delas é pelos extremos – altos e baixos.

Ao ser questionado sobre que espécie de limites vivenciou para ter conquistado a confiança de Tyson, Toback contou que, aos 19 anos, consumiu tanto LSD que "ficou louco por mais de uma semana".

Apesar do convívio, o resultado surpreendeu até o diretor. "Não esperava que ele chorasse tanto. Acho que foi resultado de um desejo inconsciente", diz o dublê de psicanalista.

O único momento em que Tyson sorriu foi quando falou dos filhos.

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