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Fãs no estádio Azteca, na Cidade do México | REUTERS/Tomas Bravo
Fãs no estádio Azteca, na Cidade do México| Foto: REUTERS/Tomas Bravo

Memorial da América Latina homenageia Bolaños

O Memorial da América Latina, em São Paulo, organizou uma homenagem ao ator Roberto Bolaños, que morreu na sexta-feira (29). No local foi criada uma réplica do set da Vila do Chaves, com direito ao famoso barril usado pelo garotinho pobre. A réplica foi montada pela emissora SBT – que transmite os programas de Bolaños no Brasil desde 1984 –, no Pavilhão da Criatividade Popular Darcy Ribeiro. Visitantes também podem conferir os melhores momentos do seriado, exibidos continuamente em um grande telão. A homenagem vai até as 18 horas, com entrada gratuita.

A exposição em homenagem ao criador de personagens que cativaram a América Latina foi montada ao lado do Altar dos Mortos do Pavilhão da Criatividade, que recebeu uma foto de Bolaños. Tradicional nos lares mexicanos, o Altar dos Mortos é uma forma bem humorada das famílias reverenciarem os que perderam.

  • O personagem Chaves é um dos mais conhecidos da América Latina
  • Trabalhadores erguem uma foto gigante de Bolaños no local onde o corpo do ator será velado, no estádio Azteca
  • No estádio Azteca, fã segura pôster com foto do Chaves
  • Homem vestido de Chapolin Colorado posa para foto enquanto aguarda para entrar no estádio Azteca
  • Nem só mexicanos participam de velório de Bolaños

Antenas do Chapolin, gorros do Chaves e bonecos dos personagens criados pelo mexicano Roberto Goméz Bolaños marcaram a despedida do ator, roteirista e produtor de TV neste domingo (30), no estádio Azteca, na Cidade do México.

Bolaños morreu na última sexta (28), em Cancún, aos 85 anos, após anos sofrendo com problemas respiratórios. De pé, o público recebeu o corpo de Bolaños aos gritos de "Se vê /Se sente /Chaves está presente" e saudaram sua mulher, Florinda Meza. Segundo a Televisa, que organiza a homenagem, 40 mil pessoas compareceram ao evento, número contestado por jornais locais, que apontam, no máximo, 20 mil pessoas na arena.

Em um primeiro momento, o público tomou as arquibancadas inferiores do estádio - com capacidade para cem mil pessoas. Bandeiras do Brasil, da Costa Rica e de outros países da América Latina, onde as produções de Bolaños foram fenômenos televisivos, eram agitadas o tempo todo. Em um determinado momento, o sinal da rede brasileira SBT foi transmitido nos telões da arena, com a apresentadora Eliana exibindo cenas do cortejo do corpo até o Azteca.

Horas antes da abertura dos portões da arena, fãs cantavam músicas, como "Que Bonita a sua Roupa", e repetiam bordões criados pelo ator. Muitos deles, segurando rosas, gritavam: "E agora, quem poderá nos defender?", para receber do público a resposta uníssona: "Eu, o Chapolin Colorado!".

O tatuador Ernesto Torres, 40, um dos primeiros da fila para entrar no estádio, chegou ao local às 6h da manhã. Embora seus dois filhos sejam fanáticos pelo Chapolin, Torres diz se identificar mais com Chaves, porque, como o personagem, ele foi abandonado pelo pai. "Bolaños era a companhia quando minha mãe saía para trabalhar", conta ele.

Pelos mesmos motivos, Veronica Camacho, 33, chorava muito ao falar de Bolaños. Segurando o neto de dois anos e acompanhada do filho, de 12, ela define o ator como um "conforto para a dor". "Sou uma refugiada. Tinha família, mas faltava um pai, um carinho, um presente."

Triciclo

Diferentes gerações de fãs compareceram à homenagem. O pequeno Javier, 3, neto de Eduardo Resa, 46, circulava fantasiado de Chaves, com um triciclo igual ao do personagem e uma mamadeira com chá. A única peça que destoava no visual era uma mochila com desenhos da animação "Carros".

Ao ser abordado pela reportagem, a mãe do garoto lhe pediu para imitar as formas caricatas de chorar dos personagens Quico, Chiquinha, Nhonho e, claro, Chaves, o que ele fez de maneira quase automática.

Já Lydio Espriella, chamava a atenção ao distribuir cambalhotas vestido como Chapolin Colorado, seguido do bordão: "Sigam-me os bons!". Espriella se tornou corredor há pouco mais de cinco anos e diz competir sempre com a fantasia do personagem.

Muitas pessoas deixaram buquês de flores no centro do símbolo do time de futebol mexicano América, pintado no chão, logo na entrada do estádio. Bolaños era torcedor da equipe. Dentro do estádio, com atraso, uma missa foi rezada em homenagem ao ator. O tom solene e sisudo da cerimônia, com cantorias líricas, afastou o público durante o evento -que durou pouco mais de 1 hora- e pouco combinava com alegria e simplicidade, marcas que Bolaños deixou por meio de seus personagens.

O final, porém, foi emocionante. Crianças vestidas com a roupa do Chapolin cantaram uma música preparada para a ocasião e soltaram pombas brancas. Por fim, um grupo mariachi tocou uma canção mexicana ao lado do caixão, que foi levado para fora do gramado e percorreu toda a extensão do campo, carregado nos ombros por seis homens vestidos de preto, seguidos pela legião de pequenos Chapolins que não paravam de gritar "Chesperito! Chesperito! Chesperito!".

Florinda Meza soltou a última pomba e ainda relembrou os tempos como Dona Florinda, ao afastar o câmera que registrava a cena nos mesmos moldes como tratava Seu Madruga.

Carlos Eslava desmente restrição ao velório

O ator Carlos Eslava, intérprete do Quico, publicou uma mensagem em sua página no Facebook na qual desmente a informação de que a viúva de Bolaños, Florinda Meza, teria impedido que ele comparecesse ao velório.

Villagrán e Bolaños tiveram alguns desentendimentos durante a carreira. "Definitivamente isso não é verdade [sobre ter sido impedido de ir à cerimônia]", disse. "Com Florinda, somente senti necessidade de abraçá-la, para dividir nosso sentimento por uma grande pessoa, que em algum momento nos uniu como um grande grupo de companheiros e amigos", escreveu.

Confira imagens do velório de Bolaños

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