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Visuais

Modernos atemporais

Exposição exibe cerca de 50 obras de 35 artistas consagrados da arte moderna, como o pintor Picasso e o videoartista Gary Hill

O título é um chamariz de público. De Picasso a Gary Hill, em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, promete construir um "mapa" da arte moderna ocidental. A pretensão não chega a se concretizar, pelo pequeno número de artistas e de obras – são 35 nomes e cerca de 50 telas, objetos e instalações –, nem sempre representativas dos artistas consagrados ali presentes.

Mesmo assim, a mostra – realizada em parceria com o Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), da Espanha, e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura de Fortaleza, no Ceará – é uma oportunidade rara para os curitibanos apreciarem obras de Pablo Picasso, Joan Miró, Marc Chagall, Salvador Dalí e Paul Klee, entre outros monstros sagrados da arte moderna.

Apresentada inicialmente em Fortaleza, a mostra foi subdividida pelos curadores cearenses José Guedes e Roberto Galvão em sete grupos, que cobrem "do marcante movimento que inicia a relativização do olhar e da percepção, que foi o cubismo, até a absorção pelas artes das linguagens eletrônicas, tão bem representadas pela obras de Gary Hill".

Este último, aliás, um dos pioneiros da videoarte, é o destaque da primeira sala – a exposição foi montada sem uma ordem cronológica, de modo a libertar o público do que os curadores chamam de "fronteiras definidas" e "amarras temporais". "A ideia é que esse fragmentado conjunto de obras agrupadas em coligações não muito rígidas estimule no observador a elaboração de ilações próprias sobre a modernidade artística do século20", escrevem, no texto que introduz a mostra.

Chama a atenção a obra "Between" (1993), do californiano Gary Hill, uma videoinstalação em forma de cruz construída com 13 monitores de 14 polegadas que exibem imagens chocantes em preto-e-branco. Mais exasperantes são as cenas do monitor ao lado, "Marca Registrada" (1975), da artista baiana Letícia Parente (1930-1991), obra que se tornou um emblema da videoarte no Brasil. A artista e também cientista (ela foi doutora em Química), cujos trabalhos costumavam focar o corpo como instrumento de arte, costura em seu pé a inscrição "Made in Brazil".

No salão principal, o público tende a se acotovelar diante das quatro obras de Picasso – duas litogravuras e duas pinturas, com destaque para "O Pintor no Trabalho" (1964), guache sobre papel de formas cubistas – ou se surpreender com a instalação "Les Reserves des Suisses Mortes" (1991), do francês Christian Boltanski, cuja obra é marcada pelo tema do Holocausto.

O artista, que trabalha com vídeos e fotos como matérias-primas mais comuns de suas instalações, empilha caixas metálicas umas sobre as outras com fotografias de pessoas mortas durante a Se­­gunda Guerra Mundial.

Entre as cerca de 50 obras – que além do IVAM pertencem, em boa parte, a acervos particulares –, há também uma das imensas pinturas do catalão Antoni Tapiès, conhecido pela materialidade de suas obras, em que a tinta ganha espessura e consistência. "Toalha Marrom Estendida" (1970) é formada por um grande tecido atoalhado enegrecido e de textura ferruginosa, cujas pontas estão amarradas por cordas à tela branca respingada de tintas.

Entre as esculturas, será preciso procurar pelo frágil móbile do norte-americano Alexander Calder (1898-1976), com suas varetas de metal camufladas pelo teto branco do museu. Obrigatórias são, também, a bela litografia do russo Marc Chagall (1887-1985) da cúpula da Ópera de Paris, a tela do espanhol Joan Miró (1893-1983) e uma máscara em madeira pintada do argentino Joaquín Torres García (1879-1949).

Serviço:De Picasso a Gary Hill, no Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. De terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 (adultos), R$2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas). Até 27 de fevereiro.

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