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Literatura

Morre Mário Chamie, pai da poesia práxis

Mário Chamie, além de poeta, foi ensaísta e ex-secretário municipal de Cultura | Bel Pedrosa / Folhapress
Mário Chamie, além de poeta, foi ensaísta e ex-secretário municipal de Cultura (Foto: Bel Pedrosa / Folhapress)

O poeta, ensaísta e ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Mário Chamie, 78, morreu no domingo, em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca. Titular da cadeira 26 da Academia Paulista de Letras, o escritor, que havia sido diagnosticado com câncer no pulmão há seis meses e estava em tratamento, foi hospitalizado na última sexta.

Embora seu trabalho mais notório, o poema práxis (uma forma de poesia experimental que desprezava a linearidade e levava a palavra ao limite), tenha surgido de uma dissidência do grupo de concretistas no fim dos anos 1950, início dos 1960,

Chamie sempre esteve integrado às vanguardas do modernismo paulistano. "Entre os grandes nomes que simpatizaram ou participaram do práxis nos seus primórdios, podemos citar Cassiano Ricardo – este inicialmente simpatizante do concretismo –, Armando Freitas Filho e José Guilherme Merquior’’, diz o crítico Antonio Carlos Secchin.

De seus anos como secretário municipal de Cultura (1979-1983), destaca-se em seu legado o Centro Cultural São Paulo. "Chamie foi uma das grandes figuras culturais de São Paulo surgidas na metade do século 20. Foi um imenso poeta, um originalíssimo ensaísta e um dos mais marcantes secretários de Cultura que a cidade já teve’’, diz o jornalista Amir Labaki, diretor do festival de cinema É Tudo Verdade.

Inéditos

Num de seus últimos textos, publicado pela Folha de S.Paulo, em julho de 2005, o poeta contou que o livro que lhe revelou "o sentido maior da palavra poética’’ foi A Divina Comédia, de Dante Alighieri. "Quanto mais releio, mais me convenço de que essa obra é, no Ocidente, além de cânone básico, uma didática heterodoxa para se entender e criar poesia. Quem já passou pelo seu ‘Inferno’, ‘Purgatório’ e ‘Paraíso’ sabe do que estou falando’’, escreveu. Chamie deixa duas obras inéditas prontas: Neonarrativas – Breves e Longas (ed. Funpec), misto de memória e ficção que está por ser lançada, e uma edição comemorativa dos 50 anos de Lavra Lavra, que inclui um ensaio do autor sobre a importância histórica do livro -ainda sem data de lançamento.

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