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Morreu na madrugada deste sábado o ator Francisco Milani, de 67 anos, o Saraiva do programa Zorra Total, da TV Globo. A causa da morte foi um edema agudo pulmonar, acompanhado de insuficência renal, provocados por um câncer no reto. Milani estava internado no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, desde o dia 3 de agosto. O corpo será velado a partir das 9h no Cemitério do Caju, na zona norte, e, em seguida, será cremado. O ator tinha câncer há cinco anos.

Milani, que nasceu em São Paulo, no dia 19 de novembro de 1937, também atuava no cinema e fazia dublagens e locuções para a TV. Ele foi vereador no Rio, eleito em 1986 pelo PCB, mas depois se desiludiu com a política partidária e nunca mais teve qualquer mandato.

O ator começou a carreira no rádio, aos 13 anos. A veia para a comédia sempre foi o traço mais forte. Participou de programas humorísticos importantes e dirigiu o "Viva o Gordo", estrelado por Jô Soares. Também atuava, como locutor, no Casseta e Planeta. Criou bordões que caíram no gosto popular, como "eu sou normal" e "tolerância zero".

Um dos personagens mais marcantes de Milani foi exatamente o Saraiva, do Zorra Total, que consagrou o "tolerância zero". Rabugento e mal-humorado, Saraiva não tinha paciência com perguntas pouco inteligentes e com isso causava constrangimentos à mulher, interpretada pela atriz Stella Miranda.

O mau humor divertido dos personagens acompanhava o ator. Outro que teve enorme sucesso foi o 'Tio Mala' da Grande Família. Ele estreou no programa num episódio que foi ao ar dois meses depois da morte de Rogério Cardoso, que fazia o seu Flor. Mesmo sendo um chato de galochas, Juvenal, o 'Tio Mala' parente de Governador Valadares (MG) de Nenê (Marieta Severo), criou grande empatia com o público. E retornou para outros episódios, de tão boa que foi a repercussão.

Sobre o personagem, deu entrevista ao jornal "O Globo", no ano passado, em que comentava o mau humor de Saraiva e Juvenal, que nada tinha a ver com a simpatia do ator e sua boa disposição para a vida.

- Acho que não vale a pena levar a vida pensando em bens materiais ou em si próprio. Quanto mais você divide, mais feliz você é. E também não levar o dia-a-dia a sério demais. Não que você tenha que viver sempre na brincadeira ou no deboche, mas é preciso pôr humor em todas as situações - disse.

Milani não foi só ator. Na época do golpe militar de 1964, sempre engajado com a política, teve que ir embora de São Paulo e a carreira artística ficou interrompida durante oito anos. Virou caminhoneiro, profissão que abraçou até 1973, quando viajou para o Rio de Janeiro, onde passou a viver e onde retomou sua vida de artista.

- Como eu fazia teatro estudantil, fiquei com receio dealguma repressão e parti para uma vida nova longe de São Paulo, onde eu nasci e morava até então" - contava.

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