Há um mês, eu e uns amigos rimos muito enquanto líamos a notícia que o Michael Jackson ia devolver para o Paul McCartney os direitos autorais das músicas dos Beatles, compradas há muito por um preço de banana... mas só depois que ele morresse. O engraçado era que o Michael era 18 anos mais novo que o velho Macca, que ficou irritado diante as poucas chances de sobreviver ao estranho amigo. "Só o Michael Jackson mesmo", diziam as pessoas.
Uma vez eu o vi, ao vivo em Brasília. Eu tinha 11 anos e o show do quinteto dos irmãos Jackson foi em um grande ginásio lotado com um som horrível. Mas como dançava aquele cantor, ainda menino.
Logo um amigo ligou com uma conclusão médica "Olha aí Rodrigão, graças ao Michael, tá provado que dormir em uma câmera hiperbárica não faz bem nenhum." Não achei graça.
Lembrei do desenho do Jackson 5, que eu gostava e passava nas tardes da tevê nos anos 1970. Ele ainda era negro e eu ainda gostava dele. Ouvia Off the Wall nas festas dançantes da minha infância.
Depois ele foi embranquecendo, embranquecendo... Veio Thriller, a dança de monstro, "Billy Jean", o megaestrelato e eu gostando menos dele. Passou a parecer uma mistura de Peter Pan com Diana Ross e logo vieram à tona as histórias das brincadeiras com os meninos perdidos no seu mítico rancho de Neverland, onde ele fazia, muito provavelmente, o papel do Capitão Gancho.
Virou sinônimo clássico de "Malucão". Quando um amigo queria dizer que alguém tinha um desvio de comportamento, fulminava "O Roberto Carlos é o Nosso Michael Jackson"...
Ontem, quando recebi a ligação de um amigo me contando o fato, me deu uma saudade danada e veio a vontade de fazer um moonwalk e desandei a andar pra trás, parado, como fazia o finado Michael, ante o olhar atento da minha filha. Era uma homenagem, sei lá.
Rodrigo Barros (o Rodrigão) é músico e produtor musical.
Deixe sua opinião