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O lançamento de uma caixa contendo a obra integral de Wolfgang Amadeus Mozart está causando alvoroço entre os fãs de música clássica. O motivo principal é o preço da coleção. A série com 170 CDs, lançada pela Brilliant Classics, pode ser comprada pela internet por 99 euros. Ou seja, aproximadamente R$ 254. Com o pagamento de impostos de importação, sobe para perto de R$ 400. Pouco mais de R$ 2 por CD. A outra coleção integral do compositor disponível em CDs, lançada pela Philips em 1991, custa hoje cerca de R$ 5 mil.

A coleção, que aproveita a data dos 250 anos de nascimento de Mozart, tem gravações de bons grupos europeus. Uma das explicações para o preço baixo é a simplicidade da apresentação do material. Os discos vêm em embalagens simples de papel, sem encarte. Todas as informações sobre as obras e as gravações vêm em um CD-Rom à parte. É o mesmo esquema usado pela gravadora para a obra completa de Bach, que custa o mesmo preço. A coleção pode ser comprada no endereço www.mozart-complete-works.com ou em outras lojas virtuais.

Para quem não pode ou não quiser comprar a obra completa de Mozart, o Caderno G pegou dicas de boas gravações da obra do compositor com conhecedores em música clássica. Foram ouvidos dois músicos e dois ouvintes que não são profissionais da música. Os preços dos discos variam de loja para loja, mas quem estiver interessado em comemorar o Ano Mozart ouvindo boas gravações em casa pode montar uma boa discoteca gastando menos do que o necessário para comprar a integral.

Para o violinista Paulo Torres, que exerce na Orquestra Sinfônica do Paraná o cargo de spalla – a figura mais importante depois do regente – uma boa dica de música orquestral de Mozart é ouvir a Sinfonia Concertante. Trata-se de uma obra em que a orquestra serve de contraponto para os solos de dois instrumentos, uma viola e um violino. Ele recomenda especialmente a gravação de Pinchas Zuckerman e Itzhak Perlman. Dentre as óperas, ele seleciona As Bodas de Fígaro. "É uma ópera leve, gostosa de ouvir", diz ele, pensando em ouvintes iniciantes na música clássica.

Adriano Brandão, responsável pelo mais importante site de música erudita em português, o Allegro (www.allegrobr.com), recomenda duas caixas de discos. A primeira contém todos os concertos para piano, tocados por Malcolm Bilson e regidos por John Eliot Gardiner. Custa U$ 64 na Amazon.com. Brandão explica que as gravações são feitas com instrumentos de época, que tentam imitar a sonoridade imaginada por Mozart. "No lugar do piano moderno, que surgiria apenas em meados do século 19, o solo é realizado no pianoforte – instrumento contemporâneo de Mozart", explica. A segunda caixa é a integral dos quintetos de corda, da Philips, liderada pelo violinista Arthur Grumiaux.

O cineasta Fernando Severo, apaixonado de longa data pela música de Mozart, sugere a Missa em Dó Menor, K. 427, com a Filarmônica de Berlin, regida por Herbert von Karajan. "A integral das sonatas para piano na interpretação radical e subversiva do canadense Glenn Gould é ideal para quem quer uma aproximação menos acadêmica com a obra mozartiana", diz. Na sua área, ele recomenda o filme A Flauta Mágica, feito por Ingmar Bergman a partir da ópera de Mozart.

Já os elogios do pianista Carlos Alberto Assis, professor do instrumento na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, vão para duas óperas. Così Fan Tutte, na versão regida por John Elliot Gardiner; e La Clemenza di Tito, gravada por Nikolaus Harnoncourt. As duas são interpretadas por mestres das execuções de época, que tentam manter nos mínimos detalhes a música imaginada por Mozart.

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