
Para jornalistas de fora da cidade que acompanham há tempos o Festival de Curitiba, o evento deste ano trouxe um estranho esvaziamento. Apesar de a organização ter registrado a presença de 230 mil espectadores no total, o grande número de espetáculos na mostra principal (eram 34, mais 4 de rua) causou divisão na plateia dessa vez não foram tantas as atrações com ingressos esgotados e sempre havia poltronas vagas nas apresentações.
Para Gustavo Fioratti, da Folha de S.Paulo, as ruas pareceram menos ocupadas, apesar da realização de 56 peças ao ar livre. "Ficou a sensação de um evento mais recluso aos teatros e ocupando menos espaços alternativos. O Fringe perdeu sua anarquia positiva", disse durante debate da crítica especializada realizado pelo blog Teatrojornal, do qual a Gazeta do Povo participou. "Depois da organização em mostras, não se tropeça mais em espetáculos-surpresa de que ninguém tinha ouvido falar", explica a especialista em artes cênicas Soraya Belusi.
Também presente ao evento de debate, o crítico Daniel Schenker se preocupa com o que considera uma "vontade de abraçar o mundo", referindo-se ao aumento no número de peças internacionais. Quem discorda é Luciana Romagnolli, ex-crítica da Gazeta do Povo: "É a única oportunidade para o curitibano ver espetáculos que nunca viriam à cidade", pondera.
Em relação à mostra principal, o jornalista de O Globo Luiz Felipe Reis acredita que as escolhas da curadoria ainda são conservadoras com efeito, as opções consideradas experimentais eram em maior maior número no ano passado.
Sobre as opções artísticas da mostra paralela Fringe, o criador do Teatrojornal, Valmir Santos, destaca o retorno do apuro na dramaturgia e o grande número de transposições literárias incluindo textos brasileiros recentes, como da curitibana Luci Collin e do gaúcho Caio Fernando Abreu.
"Mário Bortolotto, de Londrina, surpreendeu pela sensibilidade nas questões femininas em Whisky e Hambúrguer", exemplificou Valmir, referindo-se ao texto escrito, atuado e dirigido pelo paranaense.
Também na mostra principal, houve grande número de adaptações de importantes dramaturgos, o que indica que a criação colaborativa, muito popular nos anos 90, não é mais hegemônica.
Acidente
O clima de apreensão permeou toda a extensão do festival depois que o humorista Fagner Zadra sofreu uma fratura na região do pescoço ao ser atingido por uma enorme máscara de isopor duro logo na festa de abertura do evento.
O comediante, conhecido pelas esquetes Tesão Piá!, está internado no Hospital Marcelino Champagnat desde 26 de março, em quadro estável, mas sem movimento nas pernas por enquanto. O último boletim médico divulgado informou que Fagner passará por um tratamento de reabilitação de no mínimo três meses.




