Iberê Bassani de Camargo nasceu em Restinga Seca, Rio Grande do Sul, em 1914. Seu pai queria que o menino seguisse a profissão de médico, mas logo viu o filho traçar caminhos bem distintos. Com apenas 4 anos, Iberê passava horas desenhando embaixo da mesa na cozinha. Em 1927, inscreveu-se na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria e, oito anos depois, mudou-se para Porto Alegre, demonstrando um breve interesse na Arquitetura. Casado, foi para o Rio de Janeiro em 1942, onde voltou a pintar e inicou suas pesquisas em gravura. Conheceu Portinari e Guignard e largou, em questão de meses, o curso na Escola de Belas Artes. Rejeitava o academicismo enquanto sua pintura exprimia o modernismo de maneira própria.
Nos anos 60, deixou para trás a arte figurativa, que retomaria mais tarde, nos anos 80, sempre associado à destreza no uso da cor. Morreu em 1994, em Porto Alegre, depois de ter a obra reverenciada em exposições de renome internacional, como as bienais de São Paulo, Veneza, Tóquio e Madri, além de inúmeras mostras realizadas no Brasil.
Cinco gravuras realizadas pelo mestre gaúcho estarão abertas à visitação do público a partir desta quarta-feira (18) no Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná (Musa). A mostra em questão tem a proposta de, além de exibir os trabalhos de Iberê Camargo, apresentar mais 33 gravuras de 22 brasileiros contemporâneos, todas relacionadas, de maneira própria, ao legado do mestre gaúcho.
As peças foram criadas graças ao programa Artista Convidado do Ateliê de Gravuras de Iberê Camargo, sediado em Porto Alegre, e coordenado pelo artista plástico Eduardo Haesbaert desde 1999. O projeto convoca artistas, que se instalam no ateliê de Iberê Camargo durante cinco dias para realizar suas próprias experiências em gravura. O processo já rendeu uma coleção de cerca de 90 obras, parte delas exposta pela primeira vez em Curitiba.
"A nossa proposta é fazer um recorte dessa produção, buscando a relação entre alguns nomes de reconhecimento nacional com a gravura em metal", explica a curadora da mostra, Silvana Boone. As obras apresentadas são de Álvaro Siza, Amílcar de Castro, Arthur Luiz Piza, Carlos Pasquetti, Carlos Vergara, Carlos Zílio, Carmela Gross, Claudio Mubarac, Daniel Senise, José Resende, Karin Lambrecht, Leon Ferrari, Lucia Koch, Mario Carneiro, Nelson Felix, Paulo Pasta, Regina Silveira, Rochelle Costi, Tomie Ohtake, Vera Chaves Barcellos, Waltercio Caldas e Antonio Dias.
Além da mostra, a Fundação Iberê Camargo lança, no dia 25 de outubro, às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer, o Catálogo Raisonné Iberê Camargo Volume 1 Gravuras. O livro publicado pela Cosac Naify conta com 500 páginas que documentam a produção de 329 gravuras de Iberê Camargo. Trata-se do inventário completo das obras do gaúcho realizados com a técnica, contando com reproduções, textos e depoimentos sobre cada peça.
Confira as exposições em cartaz na capital
Serviço: Gravura em Metal: Matéria e Conceito no Ateliê de Iberê Camargo. Abertura terça-feira (17) às 19 horas. Visitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 18 horas e sábados, das 9h às 13 horas. Museu de Arte da UFPR (Rua XV de Novembro, 695) Tel.: 3310-2603. Entrada franca. Até 17 de novembro.



