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Música do Paraná invade a Educativa

O diretor da Educativa, Fernando Tupan: "A gente abriu as porteiras" | Franklin de Freitas
O diretor da Educativa, Fernando Tupan: "A gente abriu as porteiras" (Foto: Franklin de Freitas)

As coisas andam diferentes pelas bandas da Rádio Educativa do Paraná. A estação (FM 97.1) foi um dos assuntos da semana em redes sociais como o Twitter e o Facebook. O motivo foi a notável mu­­dança na programação da emissora estatal, que desde o começo do ano – quando o governador Beto Richa (PSDB) assumiu o cargo –, está sob a direção do jornalista Fernando Tupan, espécie de em­­bai­­xador da música paranaense.

Re­­colocar a produção musical local em cena parece ser o carro-chefe da nova diretoria. Apesar do curto espaço de tempo transcorrido desde a mudança, comentários elogiosos e um certo assédio de bandas e artistas locais, angustiados por mostrar seu trabalho, comprovam que a escolha foi acertada.

"A cultura paranaense estava adormecida. Agora, parece que to­­do mundo está acordando, vendo e ouvindo. Sendo uma rádio educativa, temos compromisso com a população do Paraná. E o público sabe o que é bom. Ontem [quinta-feira], por exemplo, toquei uma música da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana e recebi vários e-mails comentando", diz Tupan, que volta a trabalhar com o produtor José Crespo.

De meados da década 80 até o início dos anos 90, a dupla foi responsável pela programação da Rádio Estação Primeira, ainda hoje relembrada com saudosismo. Tupan também é músico, e esteve à frente das bandas Estação no Inferno, Ídolos de Matinée – do hit "Rock Marciano" – e Tupans.

"Fico feliz com os elogios e acho essa mudança natural. Até ano passado, a rádio estava de portas fechadas para a produção local. A gente abriu a porteira e o pessoal está entrando", diz Tupan, que agora recebe diariamente discos de bandas de todo o estado.

Nenhum programa foi retirado do ar. Estudos estão sendo feitos para remodelar a grade, mas não haverá mais um horário específico para bandas locais – elas podem surgir a qualquer hora.

Foi o que aconteceu recentemente, quando o estudante de Jornalismo Felipe Gollnick, de 19 anos, sintonizou a rádio depois de ler e ouvir comentários positivos sobre a emissora. Surpresa. Gollnick se deparou com Adriano Sátiro e os Bem-Aventurados, banda local da década de 90 da qual participava seu tio. "O plano é continuar a ouvir porque agora tenho a sensação de que estou perdendo algo legal quando não sintonizo a rádio", conta Gollnick, que há quase seis anos mantém no ar o blog Defenestrando (www.defenestrando.com), voltado para a música curitibana.

Quem esteve no playlist da Educativa na tarde de ontem foi o grupo Maremotos, expoente da surf music das araucárias. Formada em 2001, a banda acabou em 2005, mas fez história e criou público, que poderá novamente ouvir as guitarras insinuantes nas ondas da rádio. "Está tocando mesmo?", sur­­preendeu-se o ex-baterista do grupo, Marcus Gusso, que promete ser mais um ouvinte de carteirinha. "Isso é muito importante para os músicos da cidade", diz Gusso, que hoje integra as bandas Easy Players, Garotos Chineses e Os Penitentes.

Paulo Vítola, diretor-presidente da Rádio e da TV Educativa, explica que o que move a programação não é somente a origem, mas a qualidade do trabalho. "Passamos a dar atenção diferenciada à produção local, mas tem de haver qualidade. Essas bandas não destoam, mantém o mesmo nível da programação", explica.

E não é só rock. A voz da cantora Rogéria Holtz e as composições do violonista Waltel Branco também ressoam nas ondas da emissora, que parece se tornar, enfim, um meio de difusão da música do Paraná.

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