
Partindo do legado deixado por trovadores medievais, o documentário Palavra (En)Cantada analisa o contato da música popular com a poesia e a literatura. O filme de Helena Solberg tem pré-estreia marcada para este sábado, no Cineplex Batel.
Formado por entrevistas elucidativas com personagens diversos da cena musical e da literária e os que trafegam em ambos os campos , o filme "estuda" as intersecções das áreas por meio de depoimentos e, claro, de música.
Para discorrer sobre o tema, há a voz gutural de Arnaldo Antunes, as pensatas de Maria Bethânia, as indagações de Chico Buarque (foto), os dedilhados de violão de Adriana Calcanhotto, as risadas de Martinho da Vila, a indignação de Ferréz, a coerência de José Miguel Wisnik e a loucura de Tom Zé. Lenine, Paulo César Pinheiro e Zélia Duncan também dão seus pitacos: os músicos falam sobre a presença de poesia em suas composições enquanto escritores comentam a partir de que ponto e como prosas podem virar letras de música.
No filme, Helena abriu seu leque de referências e, por consequência, deu mais abrangência ao estudo. Há cenas em morros cariocas e na periferia de São Paulo, mas também na Bahia e no mangue pernambucano. Resgates históricos dão ainda mais valor à obra: imagens raras da encenação de Morte e Vida Severina de João Cabral de Mello Neto na França, em 1966, e de um jovem Dorival Caymmi tocando "O Mar" ao violão, nos anos 1940, já valem a ida ao cinema. GGG1/2



