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Quarteto curitibano abriu para a banda Franz Ferdinand em 2009. | Divulgação
Quarteto curitibano abriu para a banda Franz Ferdinand em 2009.| Foto: Divulgação

Banda curitibana remanescente da geração roqueira do início dos anos 2000, a Anacrônica lança um EP de músicas inéditas após quatro anos. “Eu Acho Que Vai Chover” é o primeiro trabalho desde o single “Tardes em Guadalajara”, de 2011. Marcelo França (baixo), Sandra Piola (voz), Bruno Sguissardi (guitarra e voz) e Marcelo Bezerra (bateria) irão mostrar as faixas ao vivo em show no Beer Garden (Al. Presidente Taunay, 435) a partir das 17h30 de sábado (12). O clipe da música “É Mentira” foi lançado há alguns dias – veja abaixo.

O EP foi produzido por Tomás Magno (que trabalhou com Skank, o Rappa, Barão Vermelho, Marisa Monte, Nando Reis) e tem quatro faixas que agora apontam para a pista: o quarteto aposta em um pop moderno não tão característico à banda que surgiu em 2005 com influências diretas do rock clássico.

“As letras estão mais reflexivas e o som mais contemporâneo”, diz Marcelo Bezerra. A Anacrônica surgiu em 2005. Em 2009, lançou o consistente disco de estreia “Deus e os Loucos”. No mesmo ano, o quarteto foi o único grupo independente a tocar no palco principal do festival Lupaluna, em Curitiba. Em 2010, abriram o show dos escoceses do Franz Ferdinand, em São Paulo, cidade onde moraram por dois anos na tentativa de alavancar a carreira. “Não valeu a pena pelo lado financeiro, mas ganhamos mais experiência e aprendizado”, conta o baterista.

Em 2013, de volta a Curitiba, a Anacrônica chamou o tecladista Rodrigo Chavez e criou o projeto Dardos e Caramelos. A ideia era fazer versões roqueiras de clássicos da MPB. Sobre a cena da cidade, Marcelo diz que percebeu o aumento de bandas “mais tranquilinhas”, com sonoridade mais abrasileirada.

Para finalizar a gravação do novo EP, a banda propôs um crowdfunding via Catarse, e atingiu a meta de R$ 17 mil.

Apelo comercial ou relevância artística?

“É Mentira”, faixa de abertura, utiliza interlúdios típicos da música eletrônica (aquele suspense instrumental) e bateria estanque para criar um convite à pista. A voz de Sandra, entretanto, parece estranhamente se desprender de todo o resto, e lembra a impostação caricata de Pitty.

“Eu Acho que Vai Chover” tem bateria em marcha, guitarra emulando um country classudo e um final festeiro, em clima de desconstrução. Mas a letra – condição que se repete em todo o trabalho – é desesperançosa, como avisou o baterista.

Uma surpresa é o cover de “Xixi nas Estrelas”, parceria de Guilherme Arantes e Paulo Leminski. Se em 1984, quando foi lançada, tinha cara de música de karaokê, nas mãos da Anacrônica ganhou velocidade e punch. “É um tema muito atual”, diz Bezerra, referindo-se à letra da canção. “Lá vem eles/com suas bandeiras/ suas armas/ e outras asneiras/ esses homens pássaros do espaço.”

“Um Ouro Lugar” é a mais interessante do EP. Sandra atinge um tom mais sóbrio e menos afetado (lembra Nina Persson, do Cardingans); a melodia intermitente encontra um contraponto digno na levada elegante de guitarra, bateria e baixo. Depois da pista, é uma boa pedida para o fim de festa.

Em seu novo EP, a Anacrônica tenta aliar apelo comercial à relevância artística. Deixa de lado suas principais características para avançar no tempo. Aqui na terrinha, tivemos uma experiência parecida com a Esperanza (ex-Sabonetes), que inverteu a ordem das coisas e passou a criar tendo um público específico como foco. O resultado, ao menos no último disco, foi um produto plastificado e quase sem vida, apesar de muito colorido. O tempo dirá qual o futuro da Anacrônica. Sem trocadilhos.

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