A Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba faz seu próximo concerto nesta sexta e sábado (16 e 17), na Capela Santa Maria, sob regência de Osvaldo Colarusso.
Será um programa com obras de Haydn, incluindo o “Concerto para piano em ré maior”, que terá como solista o pianista curitibano Estefan Iatcekiw, de 12 anos.
O músico, que é aluno da pianista russa Olga Kiun e estuda teoria musical com o próprio maestro Colarusso, faz sua estreia em uma temporada de orquestra profissional.
É, como se diz, um “prodígio”: venceu os concursos “Profª Edna Bassetti Habith”, “Souza Lima”, “Mackenzie” e “Rachmaninov” (na Alemanha). Tem facilidade técnica e “mão predisposta a tocar”, segundo Olga – que não é de elogiar à toa. Compensa a falta de idade com musicalidade, não tem medo do palco e fala sobre a responsabilidade de estrear com um grupo importante com tranquilidade.
“É comum o artista sentir medo do palco e se perder. Ele não perde nada”, diz a professora. Colarusso ratifica. “É um pianista de muitos recursos”, diz. “O público não vai assistir a um concerto de Haydn tocado por um pianista de 12 anos. Vai assistir a Haydn tocado por um excelente pianista.”
Prodígio
Começar cedo faz parte de várias biografias de instrumentistas célebres, embora seja raro ver músicos tão jovens na temporada das principais orquestras daqui – Estefan é o solista mais jovem a tocar com a Camerata. A própria Olga estreou com orquestra aos 11 anos, na Rússia; Nelson Freire, um dos maiores pianistas brasileiros, tocava Mozart em público aos 5, na década de 1950. “Ser prodígio não é garantia de uma carreira de sucesso”, lembra Colarusso. “Agora é que ele vai ter de estudar muito mais. O repertório pianístico é enorme e muito difícil”, acrescenta Olga.
O público não vai assistir a um concerto de Haydn tocado por um pianista de 12 anos. Vai assistir a Haydn tocado por um excelente pianista.
Estefan diz que sabe disso e que não deixa elogios “subirem à cabeça”. Mas ele e a mãe, Josiane Alanis, já festejam. É uma família de dois, que se mantém com dificuldades. O interesse de Estefan para a música foi um problema, não uma sorte. “Tinha medo de começar, porque sempre ouvi falar que era uma coisa muito cara”, conta Josiane, que veio de Pelotas (RS) para Curitiba em 1995.
Isso se confirmou, mas Estefan foi conseguindo suporte conforme a coisa ia ficando séria. O piano em que estuda foi presente de uma mulher que o viu tocando em um concerto em homenagem aos 70 anos de Olga Kiun, em 2014. O próprio Colarusso, que convidou o músico para o “debute profissional” com orquestra, e a professora, que voltou a aceitar crianças em suas aulas depois de ter decidido que não tinha mais paciência para isso, são entusiastas.
Sou um pouco estranho, um pouco diferente demais. Não faço como todo mundo faz. Mas acho até bom. Por que ser padronizado?
Estefan se jogou: passa todo o tempo livre que tem em frente piano. É a mãe que costuma pedir por um pouco de ócio – e, talvez, uma pausinha nas gravações de música clássica (ela gostava de ouvir música popular brasileira). Não tem muito espaço na rotina para brincar e fazer amigos. “Sou um pouco estranho, um pouco diferente demais. Não faço como todo mundo faz. Mas acho até bom. Por que ser padronizado? Eu me divirto com outras coisas”, diz o pianista.
Veja Colarusso e Estefan falando sobre o concerto em vídeo divulgado pelo Instituto Curitiba de Arte e Cultura:



