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Bowie, no clipe de “Blackstar”: objetivo, de muitas formas, foi evitar o rock, de acordo com o produtor Tony Visconti. | Reprodução/
Bowie, no clipe de “Blackstar”: objetivo, de muitas formas, foi evitar o rock, de acordo com o produtor Tony Visconti.| Foto: Reprodução/

Depois do sucesso estrondoso e mundial que alcançou nos anos 1990 (assim como já havia acontecido nos anos 1970), David Bowie tem se esmerado em fazer discos cada vez mais difíceis para seus fãs.

Adotando uma nova persona que poderia ser descrita como dono de galeria de arte ultracontemporânea no Soho nova-iorquino, Bowie faz música para suas exposições imaginárias.

Comete vídeos inassistíveis acompanhados de sons inaudíveis em cenários pós-apocalípticos usando roupas de mendigo.

Blackstar”, seu 25.º álbum de estúdio, segue esse roteiro. Como nas mostras de artistas mais excêntricos, deveria vir com um folheto para orientar passo a passo o visitante/ouvinte. Ou um crítico de arte a tiracolo para explicar tudinho.

Não sabemos se esse guia virá encartado no disco, pois o lançamento está previsto apenas para 8 de janeiro de 2016, dia em Bowie completa 69 anos. O áudio, entretanto, vazou na internet no último dia de 2015.

As sete faixas são um amontoado de free jazz, com orquestras lisérgicas e muito sopro, em que cada instrumento parece seguir um caminho diferente. Tentativas melódicas aqui e ali, e pronto.

Disco

O disco abre com a música-título, extenuantes 9 minutos e 56 segundos. “Lazarus”, um tantinho mais compreensível, tem um tipo de letra que um cara como Bowie deveria ter superado na crise dos 27 anos. “Look up here, man, I’m in danger/ I’ve got nothing left to lose” (Olha aqui, cara, estou em perigo/ Não tenho mais nada a perder).

E o que falar de “Sue (Or in a Season of Crime)”? Essa já havia saído em 2014, numa compilação, e ganhou polêmica por se parecer com “Cais”, de Milton Nascimento. Agora ganha nova versão, o que não faz absolutamente nenhuma diferença.

As sete faixas são um amontoado de free jazz, com orquestras lisérgicas e muito sopro, em que cada instrumento parece seguir um caminho diferente. Tentativas melódicas aqui e ali, e pronto.

Houve uma época em que as pretensões artísticas de Prince haviam atingido patamares tão elevados que ele trocou seu nome para um símbolo. Seus fãs poderiam chamá-lo de “o artista que uma vez se chamou Prince”, mas não de Prince.

Pois o disco de Bowie segue essa linha de dificultar deliberadamente a vida. Não se chama “Blackstar”, e sim “*”.

O produtor Tony Visconti, de longa colaboração com o artista, matou a charada em uma única frase, em entrevista para a revista norte-americana “Rolling Stone”: “O objetivo, de muitas formas, foi evitar o rock”.

Assista ao clipe de “Blackstar”:

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