
Marisa Monte lançou no fim de abril o disco “Coleção”. É uma coletânea com 13 gravações suas que estavam espalhadas por outras discografias – do primeiro álbum solo de Arnaldo Antunes após a saída dos Titãs, em 1993, até o último disco da portuguesa Carminho, que a cantora conheceu em 2013.
Último trabalho a sair pelo selo EMI, da Universal Music, a compilação estava prevista em contrato originalmente como uma seleção de hits. A mudança de rumo partiu de Marisa, convencida de que um “best of” não faz mais sentido, já que hoje todo mundo pode fazer sua própria playlist.
“Comecei a imaginar, nesse projeto, uma maneira em que poderia me envolver, fazer uma curadoria com um olhar mais pessoal”, diz a cantora, em entrevista à Gazeta do Povo.
Baú
A ideia é, em parte, desdobramento de um trabalho de digitalização de gravações que Marisa Monte vem fazendo há dois anos. Ela ainda tinha muita coisa guardada apenas em suportes físicos – incluindo faixas que nunca mais tinha ouvido.
As 13 canções de “Coleção” foram escolhidas entre cerca de 40 gravações que o processo de digitalização deixou à mão. A seleção final é um recorte de canções que, de alguma forma, refletem os quase 30 anos de carreira da artista. Mas o espírito da curadoria também foi “intuitivo”, “subjetivo”.
“[Busquei músicas] que tivessem uma representatividade e um equilíbrio interno”, conta. “Acho gostoso um álbum que, quando você põe [pra tocar], tem uma atmosfera, gera um clima. Acho que isso também estava na conta”, diz.
Futuro
A artista conta que teve várias ideias para o material que reuniu, mas que ainda não há nada específico engatilhado. O mesmo vale para as canções inéditas que está sempre produzindo. A questão agora, diz Marisa, é descobrir as melhores formas de fazer esta música chegar às pessoas em tempos digitais. “O grande desafio do artista contemporâneo hoje não é a criação”, diz. “É ser ouvido no mundo da nuvem, no meio deste ruído todo, desta quantidade avassaladora de informação.”



