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MÚSICA

Exército de fãs leva curitibanos do Motorocker para longe da crise

Na ativa desde 1992, banda está próxima de atingir a marca de 30 mil discos vendidos

A família Motorocker posa em frente ao “cara-preta”. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A família Motorocker posa em frente ao “cara-preta”. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

O ronco do Busscar Scania, ano 1991, bagunça a paz na rua tranquila do Centro Cívico. Eram 18h do sábado, 11 de junho. No termômetro da esquina, quatro graus. Aos poucos, os músicos e a equipe da banda Motorocker se reunem para mais uma noite na estrada.

O ônibus, apelidado de “cara-preta”, está na “família” desde 2012. Tem a logo da banda pintada na lateral e lema “Salve a Malária” (título do maior hit) em cima do para-choque.

“Isto aqui não é luxo, é necessidade”, diz o vocalista Marcelus dos Santos. “A gente viajava de van. Na ponta do lápis, cada viagem era uma parcela de um ônibus. De avião, as passagens são mais caras que o show”.

O “cara-preta” tem seis camas individuais, uma de casal, geladeira e micro-ondas. Sempre com o motorista Zé Luis na boleia, já rodou o Brasil inteiro.

Veja imagens do “cara-preta”, o ônibus do Motorocker

A última viagem, em maio, foi até Rondonópolis, no Mato Grosso. Mais de três mil quilômetros. “A estrada judia do caboclo. Tem gente que não aguenta”, diz Marcellus.

Ex-mecânico e instrutor de Muay Thai, o vocalista é o principal compositor da banda que fundou em 1992. Completam a banda o baterista Juan Neto, Silvio Krüger no baixo, e os guitarristas Luciano Pico e Thomas “Indio Véio” Jefferson.

A banda já teve quatro roadies. Com a “crise”, só manteve dois. Mesmo assim a estrutura é como a das duplas sertanejas. Em comparação com a maioria das bandas de rock do país, o ônibus do Motorocker acelera na contramão. Os números provam.

“ Não dá pra desistir do rock. A gente acredita na virada. No rock em português de novo como a música mais importante do país”

Marcelus dos Santos, vocalista do Motorocker

Enquanto o mercado discos declina no país, a banda está prestes a atingir os 30 mil discos vendidos somando os três álbuns de estúdio.

Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), o mercado de vendas de discos físicos caiu 19% em 2015. Já a distribuição digital aumentou em 45%.

Ainda que os álbuns estejam disponíveis em formato digital, o grosso das vendas é de discos físicos. “Os nossos fãs são caras que gostam de ter o disco, de pedir o autógrafo”, diz Marcelus.

Este reconhecimento levou o Motorocker a abrir shows para o Kiss, Iron Maiden, Guns N’ Roses e Motorhead. Em 2015, tocou no Rock In Rio.

Malária Army

Em Araucária, a banda foi recebida pelo fã numero um da “malária army”, o exército de aficionados da banda. Ariel da Costa é técnico em mecatrônica e acompanha os passos da banda desde 1992. “Eles têm carisma e tocam o que a gente gosta: rock na veia”, diz.

Ariel convidou a banda para jantar em sua casa. O menu foi vaca atolada com cachaça.

A banda só subiu ao palco às duas da manhã. Antes fãs, formaram fila na porta do ônibus atrás de um autógrafo ou uma foto. Muitos com tatuagens da banda pelo corpo.

Para o guitarrista Índio Veio, a banda é amada porque é honesta com seu público. “A coisa só dá certo por que a gente mostra nossa verdade. Vivemos as letras. A gente é o que a gente canta”.

As músicas são sobre mulheres complicadas, patrões babacas, problemas na Justiça, brigas e bebedeiras, cantados com o sotaque curitibano.

Depois do show “pauleira”, já perto das quatro da manhã, veio o último contato com os fãs .

Entre abraços e selfies com os músicos, a estudante Maria Cecília Heinz, de 16 anos, chorava no ombro da mãe roqueira. “Era meu sonho. Tenho amor por eles”.

Esta idolatria é que faz Marcelus projetar os próximos 25 anos da banda. “O Brasil é muito grande. Não dá pra desistir do rock. A gente acredita na virada. No rock em português de novo como a música mais importante”.

O “cara-preta”, ônibus que transporta a banda desde 2012. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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O “cara-preta”, ônibus que transporta a banda desde 2012.

Sobre o pára-choque, o lema da banda. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Sobre o pára-choque, o lema da banda.

Interior do “cara-preta” | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Interior do “cara-preta”

Autógrafos para os fãs fiéis | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Autógrafos para os fãs fiéis

Banda se prepara para mais uma noite na estrada. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Banda se prepara para mais uma noite na estrada.

O vocalista Marcelus dos Santos. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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O vocalista Marcelus dos Santos.

Banda se prepara para pegar a estrada. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Banda se prepara para pegar a estrada.

Roadies acompanham a banda no “cara-preta”. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Roadies acompanham a banda no “cara-preta”.

Motorocker em sua formação completa, com o “cara-preta” e o motorista Zé Luis. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

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Motorocker em sua formação completa, com o “cara-preta” e o motorista Zé Luis.

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