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“Minha banda é inteira jovem. Não pertenço a nenhuma geração”, diz o “ex-maldito”. | Divulgação
“Minha banda é inteira jovem. Não pertenço a nenhuma geração”, diz o “ex-maldito”.| Foto: Divulgação

Jards Macalé está sem celular. Brigou com a telefonia. Encontrar o homem não é fácil, mas de manhã ele costuma atender o fixo. “Estou de férias digitais. Voltei a trabalhar. Agora estou até arrumando a casa”, brinca Macao. Ele mora no Rio de Janeiro. E aos 72 anos continua inclassificável.

O carioca vem a Curitiba para dividir o palco com a banda Trombone de Frutas durante a quarta edição do Biro Biro Day Show. O encontro acontece no sábado (19), a partir das 14h, no Beer Garden Sláinte – veja o serviço completo no Guia.

Conhecidos pela irreverência, Jards e o sexteto curitibano ainda não ensaiaram juntos, mas isso não será um problema.“O que mais importa na música se cria na hora”, defende Macalé. Além de atuar como banda de apoio, o Trombone de Frutas apresentará também faixas de seu primeiro disco, “Chanti, Charango?” (2014), e algumas canções de seu novo álbum, prometido para o próximo ano.

Biro Biro

Criado em 2014 pelo Trombone de Frutas, o Biro Biro Day Show é um evento que reúne música, performance, teatro, circo, gastronomia e comércio criativo. É organizado de forma independente e gerido pelos integrantes da banda.

Nesta edição, antes de Jards Macalé e Trombone de Frutas, o público ouvirá os sons em vinil de Murillo Mongelo (Funk You), Julio Kondo (Volcano) e da dupla Disco Veneno. As apresentações ao vivo ficam por conta da Bananeira Brass Band, Sarau dos Dandas, Bernardo Bravo e Lucian Araújo.

Se de um lado há uma trajetória extensa, controversa e prolífica, do outro há um grupo jovem, de mistura fina e moderna. No palco, serão sintonizados pela imprevisibilidade. “É o que tenho feito há mais de dois anos. Minha banda é inteira jovem. Não pertenço a nenhuma geração”, provoca.

Sobre o repertório, Macalé diz “não saber nada.” Mas o autor de canções como “Vapor Barato”, “Anjo Exterminado” e “Mal Secreto” lembra Nelson Rodrigues e manda um recado para o público. “Jovens, envelheçam.”

Maldito, eu?

Se a década de 1980 foi para Jards marcada por um quase desaparecimento, hoje, o carioca é interpretado como um dos mestres da música brasileira, referência para compositores de gerações passadas e futuras.

Acostumado com a imprecisão dos adjetivos, ele parece finalmente ter se livrado da pecha de ser um fora da curva à sua época. “Nos taxaram de malditos. Todo mundo que não tinha música encorpada no modelito da época sofreu com isso. Não sabiam o que a gente era, mas o importante é que eu nunca me desconheci”, diz Jards.

Compositor, instrumentista, cantor, produtor e ator, Jards considera-se criatura. Se nega a categoria de artista à sua pessoa, é porque acredita na banalização do termo, mas não da arte. Macalé se diz amigo dos tropicalistas, mas não se inclui ao movimento. “Eu sou como Jorge (Ben), pré-tropicalista e pós-tropicalista, mas jamais um tropicalista”, disse.

Constante nos palcos, produtor do disco “Transa” (1972), de Caetano Veloso, e objeto de documentário e inúmeras homenagens Jards permanece crente na ideia de que só a vaia consagra. Típico de quem é livre. “Sou um anarquista. Nunca deixei de ser. Hoje, estou mais anarquista do que nunca. E coloca isso aí senão eu processo você”, ameaça o homem.

Não por isso, Jards.

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